As informações são de que os embarques de álcool combustível continuam, apesar da escassez no mercado interno. Muitas usinas estão fechando exportações em valores tão vantajosos que chegam a compensar as baixas taxas do dólar desta semana. Importadores estrangeiros estariam oferecendo até US$ 550 por metro cúbico de etanol, o que representa um ganho entre 8% e 10% sobre as vendas ao mercado interno pelo valor do produto negociado com o governo.
Os embarques, que são oficialmente registrados na Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ou seja, um órgão do governo federal, são os mesmos que anulam os efeitos do acordo para evitar a alta dos preços. O empenho dos empresários em cumprir o acordo é justificado pela contrapartida exigida nas negociações. Em troca de preços estáveis neste período de entressafra, o governo criaria mecanismo para a formação de estoques, para evitar a brusca queda dos valores pagos pelo mercado no momento em que a produção cresce e os preços caem abruptamente.Em nota oficial divulgada ontem pelo Ministério da Agricultura, o governo informa que está monitorando as oscilações dos preços do álcool e que, no momento, não há motivo para preocupação no que se refere ao cumprimento do acordo firmado com os usineiros.
Segundo o Departamento da Cana-de-açúcar e Agroenergia (DCAA), a oscilação do preço do produto entre os dias 5 e 11 de fevereiro (de R$ 1,024 na semana anterior para R$ 1,046) está dentro da margem acordada durante reunião ocorrida em Brasília no dia 11 de janeiro. Segundo a nota, as oscilações de preços são normais no período da entressafra e os movimentos especulativos podem ter como referência preços diferentes do índice Cepea/USP.
O consultor, Júlio Maria Martins Borges, da Job Consultoria, considera desnecessários acordos como o firmado no mês passado. Para ele, a tecnologia flex que equipa os carros bicombustíveis é para ser usada a favor do consumidor e do mercado. A liberdade de mercado deveria ser exercitada, mas sem o uso de dinheiro público para a formação de estoques.