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Exportação de açúcar terá fila até setembro

Os importadores de açúcar brasileiro que negociarem hoje um carregamento do produto só conseguirão embarcá-lo, pelo Porto de Santos, em meados de setembro. A afirmação é do diretor comercial e de logística da Açúcar Guarani, Paulo José Mendes Passos. “Existe hoje uma forte demanda por açúcar brasileiro que, vinculada a uma deterioração das condições logísticas, acabaram criando uma situação complicada na exportação”, disse o executivo.

A situação não é diferente em Paranaguá. Os navios que saíram ontem estavam na espera desde 29 de junho. Com a estrutura atual, é necessário pelo menos um mês para esgotar a fila de mais de 20 navios que vão levar açúçar para países como a Rússia e a Índia. E novas embarcações continuam chegando.

O problema agora provoca também filas de caminhões. Segundo Passos, 450 caminhões aguardam para descarregar açúcar no Porto de Santos. Estes veículos carregam um total de 13,5 mil toneladas que esperam para ir para os armazéns. No Porto de Paranaguá, a fila de caminhões já soma 150 carretas. “Os caminhões ficam presos nas filas mais tempo que o normal e acaba criando um gargalo porque outras commodities, como o milho, também precisam chegar ao porto via rodoviária. O resultado é um aumento do frete em cerca de 15% nos últimos meses”, disse Passos.

Em Santos, todos os oito berços para embarque de açúcar estão ocupados e cerca de 60 navios estão esperando na costa para atracar no porto. “Nos próximos dias serão 111 navios apenas em Santos esperando para embarcar açúcar”, conta o consultor Plínio Nastari, presidente da Datagro, especializada no setor sucroalcooleiro. Segundo ele, há um descasamento entre a produção de açúcar no país e a capacidade de embarque do produto. Em Paranaguá, dois navios carregam o produto, além dos 20 que esperam na barra por um berço livre.

Neste momento, a demanda internacional pelo açúcar é grande porque existe um déficit mundial do produto pelo segundo ano consecutivo. “Muitos países produtores registraram uma safra menor que o esperado como Índia, Rússia e até a Colômbia, o que tornou o Brasil o único fornecedor do produto pelo menos até outubro, quando começa a safra dos países do Hemisfério Norte”, diz Nastari. Além disso, muitos países também precisam recompor seus estoques. Os países muçulmanos do Oriente Médio estão procurando pelo produto para abastecer o mercado interno antes do mês de Ramadã, quando o consumo de açúcar é elevado.