Mercado

Expansão do consumo aproxima o preço do álcool ao da gasolina

O progressivo crescimento do consumo de álcool hidratado neste ano poderá levar a um tênue equilíbrio entre a oferta e a procura do combustível durante a entressafra, que começa em dezembro e só termina no fim de abril. A moagem da cana no Centro-Sul, sem qualquer intercorrência climática, termina no mês que vem. A partir de então, o abastecimento dependerá dos estoques, que deverá estar concentrado em poucas usinas de grande porte. As condições de mercado indicam que é grande a possibilidade de o preço do álcool hidratado chegar à nível de paridade com a gasolina.

Cálculo feito pelo consultor Júlio Maria Martins Borges, da Job Economia e Planejamento, mostra que, mantidas as condições atuais, o estoque de passagem, a ser registrado no fim de abril de 2006, ficará em 200 milhões de litros. Nas contas do consultor, o consumo doméstico de etanol é de 1,2 bilhão de litro ao mês. As exportações deverão chegar a 2,2 bilhões de litros, o que totaliza um comprometimento de 16,8 bilhões litros em 12 meses (maio a abril). Como a produção na safra 2005/06 está estimada em 17 bilhões de litros, o chamado estoque de passagem será extremamente justo.

“A nossa prioridade é o consumidor doméstico”, avisou o usineiro Luiz Guilherme Zancaner, presidente da União das Destilarias do Oeste Paulista (Udop). O mercado para os usineiros da região Centro-Sul manteve-se numa situação favorável. Os sucessivos lançamentos de veículos bicombustíveis garantiram a sustentação dos preços, sem grandes oscilações, ao longo de todo o ano, reconhece Zancaner.

Esse cenário favorável, somando à disposição de outros países de seguirem o exemplo brasileiro, quanto à matriz energética, estimula os empresários a investirem em novas usinas e destilarias, e a expandir suas lavouras.

Opção dífícilCaso o preço do álcool hidratado chegue mesmo a R$ 1,70, como está sendo previsto por alguns analistas, o consumidor paulista se colocará diante de um dilema, já que, do ponto de vista financeiro, será indiferente abastecer seu veículo bicombustível com álcool ou gasolina. A escolha fica mais difícil se levar em conta a informação técnica de que o consumo médio de álcool corresponde a 70% do volume consumido por um veículo abastecido com gasolina.

Para Zancaner, não deveria haver dúvida nenhuma, uma vez que, na sua opinião, o álcool ajuda a preservar o motor do veículo e ainda, proporciona uma vida mais longa para o óleo do motor. “O motor de um veículo abastecido apenas com álcool tem vida mais longa do que o movido a gasolina”.

Em tempos recentes, o consumidor não experimentou uma situação de paridade de preços entre o álcool e a gasolina. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), neste ano, o momento em que os preço dos combustíveis estiveram mais próximos, quando o valor do álcool correspondeu a 62% ao da gasolina. O maior distanciamento ocorreu em junho, quando o álcool equivalia a 54% do preço da gasolina.

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