O mundo está de olho nos combustíveis limpos. Com a ratificação do Protocolo de Kyoto, no início deste ano, começou a corrida dos países desenvolvidos, grandes poluidores, por meios de minimizar a emissão de gases causadores do efeito estufa.
Nesse campo, o Brasil, maior exportador mundial de álcool, ganha com a expansão dos mercados consumidores para o combustível e também com a venda dos chamados créditos de carbono no mercado internacional.
Dentro de casa, o álcool tem ajudado a minimizar a poluição nas grandes cidades. Com a evolução da engenharia automotiva na última década, que resultou em motores mais eficientes, o álcool se tornou a melhor alternativa de combustível, pois sua queima não emite poluentes como os óxidos de enxofre (que provocam a chuva ácida), a fuligem e são reduzidos ainda os teores de monóxido de carbono e hidrocarbonetos. Há muitos benefícios ambientais no aumento do consumo do álcool como combustível, avalia o consultor Alfred Szwarc, especializado em meio ambiente e energia. Hoje é uma situação muito diferente do início dos anos 1980, quando houve o primeiro boom de carros a álcool. Os carros têm mais tecnologia e o combustível evoluiu também, de modo que é muito menos poluente do que a gasolina ou o diesel. O combustível é chamado de renovável porque, além de sua queima gerar menos gás carbônico, o ciclo de crescimento da cana-de-açúcar absorve o gás. Sua produção e consumo não agrega mais carbono à atmosfera, explica Szwarc.
Mesmo o aumento das áreas de cultivo da cana-de-açúcar para suprir à crescente demanda não deve trazer maiores implicações ambientais, uma vez que, no campo, tem diminuído o uso de defensivos agrícolas. A mecanização da colheita de cana também tem contribuído para a redução da queima da palha, fator de poluição do ar nas cidades próximas à cultura. O setor tem se unido para reduzir os impactos da monocultura, com ações de recomposição de matas ciliares, diz Szwarc. De igual modo, a indústria tem aprimorado seus processos internos de gestão ambiental.