O fôlego que determinados setores da economia tomaram na primeira metade do ano, como confirmou ontem o IBGE, vai perder força neste trimestre.
Para julho, agosto e este mês, o crescimento –principalmente no setor de bens duráveis– não deve atingir os mesmos níveis do primeiro semestre.
O número mais recente mostra que, na primeira quinzena de agosto, houve queda de 5,8% nas vendas a prazo em São Paulo em relação a julho. No mesmo período houve retração de 1% nas vendas à vista. Na comparação com agosto de 2003, houve alta de 2,4% e queda de 4,4%, respectivamente, segundo a ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
Casas Bahia e Lojas Renner, líderes do varejo, confirmaram na sexta-feira o menor ritmo de vendas em suas lojas em agosto, como informou a Folha. Para economistas, o risco de alta na taxa de juros e a elevada base de comparação do segundo semestre do ano passado têm efeito nas contas.
A equipe econômica já deu declarações de que pode elevar a taxa de juros, fator que poderá impedir novos avanços na demanda. Além disso, este semestre terá de registrar resultados positivos sobre os bons números de igual período de 2003 –uma tarefa mais difícil.
Por exemplo: setembro de 2003 foi um dos melhores meses para o setor eletrônico no ano passado (as vendas cresceram quase 20% sobre 2002). Nos próximos meses, a expansão terá de vir sobre taxas elevadas como essa.
Até junho e julho deste ano, a indústria do consumo se expandiu sobre uma base de expansão fraca no ano passado.
“Se tivermos um soluço inflacionário, pode ser mesmo necessário um ajuste nos juros. Então, aí, a situação complica um pouco”, disse Antonio Carlos Borges, diretor da Fecomercio/SP.
Segundo Juan Jensen, economista da consultoria Tendências, as taxas de crescimento neste trimestre e nos próximos não devem repetir as registradas nos últimos três trimestres.
“Foi um ritmo muito forte, de 6%, 7% de crescimento no ano. Como agora a base de comparação será melhor, as taxas de crescimento devem ser mais baixas, apesar de os investimentos estarem acontecendo”, afirmou. Para ele, a renda é que deve estimular a reação no PIB daqui para a frente.
De qualquer forma, há alguns indicadores econômicos positivos neste trimestre. As vendas de papelão ondulado, por exemplo, consideradas um bom termômetro da economia, aumentaram 26,2% em relação a julho de 2003.
E a arrecadação tributária do Estado de São Paulo subiu 4,1% em julho em relação ao mesmo mês de 2003 e 0,2% sobre junho.