Os investimentos de R$ 20 bilhões anunciados para a instalação de 30 novas usinas de açúcar e destilarias de álcool nas regiões norte e noroeste do estado, até 2010, não representam avanço expressivo dessa lavoura, a ponto de comprometer outras culturas, como a produção de laranja, ou a exploração da pecuária. Levantamento feito pelo pesquisador do Polo Regional Centro-Sul, em Piracicaba, Alceu Veiga Filho, mostra que a expansão da lavoura canavieira deverá ocupar 570 mil hectares, correspondente a apenas 19% do total ocupado hoje pela cultura. Conjuntamente, depois de instaladas, as novas usinas deverão moer perto de 45 milhões de toneladas de cana.
O avanço da cana, explica o pesquisador, se dá sobre áreas degradadas ou sub-utilizadas, em geral pastagens. Veiga Filho diz que a expansão da cana terá impacto positivo sobre a atividade econômica dessas culturas. A presença das novas usinas deverá contribuir para melhorar a renda dos trabalhadores locais, que terão mais acesso aos serviços e à infra-estrutura. O pesquisador lembra que a atividade neste setor proporciona novos empregos, sendo alguns qualificados e muitos, não qualificados. O inconveniente é que o corte da cana geralmente estimula a migração temporária, afirma.
O crescimento da demanda por álcool e a valorização do açúcar demanda políticas públicas, recomenda Veiga Filho. É preciso estabelecer limites para a produção de cana pelas próprias usinas. O arrendamento ou a aquisição de terras contribui para o fim das culturas de subsistência e tende a expulsar o agricultor do campo, sobrecarregando as áreas urbanas, diz. Outro fenômeno negativo apontado pelo pesquisador é a concentração fundiária, o que não é adequado do ponto de vista social. Veiga Filho não acredita, porém, que fruticultores abandonem seus pomares em troca da cana.