Com um excedente exportável de 6,67 milhões de toneladas de açúcar em dezembro (cerca de 20% da produção total), o Brasil dificilmente conseguirá escoar todo esse volume ao mercado externo até o final da safra, em abril de 2008. E, segundo Plínio Nastari, da Datagro, as perspectivas não são boas por dois motivos. O primeiro é que os preços do açúcar para exportação estão abaixo do custo de produção no Centro-Sul do Brasil e, segundo, que os elevados preços de fretes marítimos estão fazendo com que o produto brasileiro fique mais distantes de seus destinos tradicionais. “Esses fretes estão sendo muito pressionados pela demanda chinesa por transporte de carvão e minério de ferro”, acrescenta Nastari.
A produção de açúcar no Brasil nesta safra foi muito semelhante a do período passado – aumento de 30,04 milhões de toneladas para 30,32 milhões de toneladas. O excedente exportável foi de 19,27 milhões de toneladas (na safra 2006/07 foi de 19,9 milhões de toneladas). Como as exportações na safra, de maio até novembro, foram de 12,6 milhões de toneladas, tecnicamente o mesmo volume de igual período do ano-safra anterior (12,4 milhões de toneladas), o excedente no início de dezembro a ser escoado é de 6,6 milhões de toneladas, segundo Nastari.
Saída – A alternativa, segundo ele, é tentar direcionar parte do produto ao mercado interno, que apesar de também pagando abaixo do custo de produção, ainda está mais alto que para exportação. Na última terça-feira, o preço do açúcar em São Paulo estava 10,8% maior que na Bolsa de Nova York (Nybot). “A bolsa estava em 9,74 centavos de dólar por libra-peso, e, no mercado interno, 10,79. Ainda assim, ambos valores estão abaixo do custo que é de cerca de 11,8 centavos de dólar por libra-peso”, compara Nastari.
O consumo interno de açúcar foi aquecido este ano. O crescimento até agora no ano safra foi de 10,22 milhões de toneladas para 10,93 milhões de toneladas, aumento de 7%. “Vamos ver como o mercado interno vai se comportar daqui para frente”.