Mercado

Ex-cortador de cana e camelô faz sucesso no varejo e no atacado

No final deste mês, o camelô David Mendonça Portes, participará, no Canadá, do mais famoso programa da televisão do país, “Filho da Esperança”, apresentado pelo jornalista Nicolau Pay. Com 45 anos, proprietário da famosa Banca do David, onde recebe cerca de 700 pessoas por dia, e de um depósito atacadista, por intermédio do qual abastece 90 outras bancas de doces no Rio de Janeiro, com uma receita diária de R$ 90 mil, ele ainda realiza uma média de 15 palestras por mês para empresários de todo o País, pelas quais cobra, de R$ 2 mil a R$ 8 mil. Nada mal para quem começou a vida cortando cana. “Meu faturamento atual já atinge R$ 2,24 milhões mensais e espero um crescimento nos negócios, em 2003, da ordem de 30%”. Até o final do ano, David abrirá um supermercado, com investimentos previstos de R$ 500 mil e lançará seu livro biográfico Uma Lição de Vida e de Marketing, pela Editora Siciliano, em que conta a trajetória de sucesso.

Explicação para ser bem-sucedido na profissão? A resposta de David, que já foi cortador de cana na cidade de Campos (RJ), motorista de caminhão e, com a mulher, Fátima, grávida, perdeu o emprego e teve de morar embaixo da ponte, vem rápida: “é preciso ousar e saber encantar o consumidor”. A pergunta que se impõe é: “de onde vem este encanto?”. E ele responde, motivado: “de um sorriso, que, de cara, conquista logo a freguesia, abre as portas e a carteira do consumidor”.

David afirma que, para ser um comerciante, é necessário saber o momento certo de tomar uma atitude. “Quando eu estava embaixo da ponte com minha mulher e ela precisava tomar um remédio, com urgência, consegui que um porteiro me arrumasse R$ 12. No caminho da farmácia, mudei de rumo, fui até um boteco e comprei doces. Voltei para debaixo da ponte e disse para minha mulher confie em Deus, que a nossa vida vai mudar”. E, com galhardia e o sorriso indispensável, conseguiu vender todos os doces e comprar o remédio. A partir daí, vender doces se tornou o seu meio de vida. “Vender, ele diz, não é só dispor de um produto e tentar empurrar para alguém. Você precisa criar estratégias de convencimento, conquistar a freguesia”. Assim, ele não só conseguiu sair de debaixo da ponte, mas também montar a sua famosa banca de doces, que fica, no Rio, na Avenida Presidente Wilson. E lá no seu ponto-de-venda, “consegue fidelizar a clientela com promoções, ações de marketing, que vão desde dar de graça um doce para o freguês, no dia do aniversário, como sortear DVDs, TVs, aparelhos eletrônicos”.

Com seu charme, ele também conquistou espaço na imprensa carioca, e empresários quiseram saber o segredo do seu sucesso. O presidente do Instituto de Marketing Industrial, José Carlos Teixeira, convidou-o para dar uma palestra, que tinha na platéia, entre outros, o empresário, Antonio Ermírio de Moraes, do qual é fã incondicional. Agora, é contratado pela empresa financeira Losango, “que me oferece os brindes para os sorteios” e é com a camiseta da companhia que faz palestras pelo Brasil, “cerca de 15 por mês”, pelas quais cobra de R$ 2 mil a R$ 8 mil. Se, durante os encontros, algum empresário se queixa que os negócios não vão bem e lhe pede conselhos, ele diz “este é um negócio à parte, mas eu poderei lhe prestar consultoria, é só combinarmos o preço”.

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