Carro a álcool: você ainda vai ter um. A profecia, inevitável nos anos 80, não vai se concretizar, ao que indicam dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
A participação de carros movidos exclusivamente a álcool no mercado em julho é de 0,039% do total, ou 64 dos 165,8 mil carros licenciados. O índice já chegou a 40% na época do pró-álcool. Já os veículos a gasolina, também em queda livre, são hoje 19% (eram 42% no ano passado), enquanto os flex são 76,3%.
Em 2005, o carro a álcool manteve-se na faixa dos 2%, (2 mil veículos/mês). Já em 2006, o modelo só conseguiu quebrar a barreira das mil unidades em janeiro.
Segundo Rogelio Golfarb, presidente da Anfavea, a extinção do carro a álcool é natural. “O flex veio para ocupar o mercado dos carros a álcool”, avalia.
O economista Antonio Golfeto, ligado ao Ciesp, vai mais longe. Para ele, o fim do carro a gasolina também está próximo. “O carro a álcool vai deixar de existir, assim como, no futuro, o carro a gasolina. O mercado gosta de mais alternativas”, acredita.
Ritmo de produção despenca
O número de carros a álcool produzidos no país teve considerável queda no primeiro semestre. Em julho, foram somente 35 veículos de passeio fabricados, segundo dados da Anfavea. O total acumulado no primeiro semestre foi 331.
A produção de utilitários movidos exclusivamente a álcool também está se tornando rara. Segundo a Anfavea, de janeiro a abril nenhum veículo comercial leve foi produzido. Uma unidade foi produzida em maio e 13 em junho.
De acordo com a Anfavea, somando os veículos de passeio e os utilitários, o total é de 345 unidades em um semestre.
A General Motors do Brasil fabricou somente dois veículos nos primeiros seis meses do ano. A Volks foi a que mais produziu, somando 329 unidades no período. Já a Fiat Automóveis totalizou 14 veículos no primeiro semestre de 2006.
Proálcool foi aposta do país
O Proálcool (Programa Nacional do Álcool), criado 1975 pelo governo federal para reduzir a importação de petróleo, foi a aposta do Brasil para despontar como pioneiro na produção de combustíveis de fontes renováveis. De 1973 a 1989, a União investiu 7 bilhões de dólares no programa.
A aceitação dos consumidores não foi imediata. Os proprietários sofriam com problemas de corrosão e partida, superados em 1981.
A partir de 1986, com as mudanças no mercado internacional que provocaram a qeda do preço da gasolina, a produção de álcool estagnou. Apesar disso, os carros a álcool continuavam a ganhar as ruas.
No final da década de 1980, cerca de 95% dos veículos comercializados eram movidos pelo combustível nacional. No entanto, a produção entra em crise nos anos 1990, quando faltava matéria-prima para a produção.