O aumento em cerca de 14% da cana esmagada no Nordeste, de 43 milhões de toneladas na safra 99/2000 para 49 milhões em 2000/2001 reaproxima a região de uma média histórica de produção, ainda longe, dos volumes recordes daqueles dos anos 80 mas, no entanto, mais próximos de uma realidade do mercado atual.
Neste contexto, destaca-se o significativo crescimento da produção de Alagoas, em mais de 20% , com o Rio Grande do Norte e Sergipe alcançando índices de crescimento semelhantes, sem no entanto a dimensão dos produtores alagoanos para a Região. Pernambuco, o segundo maior estado produtor, deu um exemplo que merece atenção. O governo do Estado, em parceria com os produtores, montou um programa emergencial de apoio à lavoura canavieira da zona norte do estado, que corria o risco de erradicação, decorrente de fatores climáticos, logrando resultados expressivos, não só em produção, mas de geração de empregos e renda no campo.
Foi na safra 2000/2001 também que o Nordeste, que parecia ter perdido importância no contexto nacional, evitou um possível problema de abastecimento no Centro/Sul, que vinha de um período de problemas climáticos graves. O processo de transferência de álcool nordestino, através de leilões coordenados pelo Ministério da Agricultura, teve pleno êxito e resgatou a importância estratégica dos estados produtores do Nordeste.
A intensificação do relacionamento do setor com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, agora responsável pela gestão dos recursos para programas de suporte ao setor, renova nossas esperanças. No entanto é preciso que renovemos também nossa luta, sobretudo no que tange à reimplementação do programa equalização de custos de produção de cana-de-açúcar para a reião Nordeste. Há que se perceber que, longe de configurar-se em subsídio, é um programa que homogeiniza o custo dos produtos nacionais derivados da cana-de-açúcar, além de permitir a continuidade da atividade numa região em que tem notável peso econômico e social.
Continuaremos esperando que dêem resultados os nossos esforços para que o álcool tenha as mesmas respostas que o açúcar nas evoluções de produção. Neste período, observamos a produção de açúcar crescer 40%, enquanto o álcool cresceu 8%, sempre o hidratado com menor resposta que o anidro. Devemos direcionar a nossa atividade para a manutenção do mercado internacional de açúcar, sem no entanto perder o patrimônio que é o maior programa de uso de biomassa do mundo, que um sem-número de outros países estão adaptando.
Por fim, esperamos que o mercado de energia seja consolidado como uma nova fonte de renda para o setor, quando mais uma vez podemos ajudar o País em um momento de crise, esperando que, desta feita, não sejam repetidos os erros do proálcool.
Gustavo Costa de Albuquerque Maranhão é presidente da
Associação Brasileira da Indústria de Álcool – ALCO