Mercado

Europa – O Novo Mercado Açucareiro Europeu

Antes mesmo da derrota para o Brasil na OMC, sofrida pela Comunidade Européia na questão dos subsídios à produção de açúcar, já se questionava no âmbito do PAC (Política Agrária Comum da Comunidade Européia), uma mudança de postura junto aos produtores europeus, que por décadas se beneficiam de ajudas governamentais para a manutenção dos seus ganhos, gerando um flagrante desequilíbrio nos preços praticados internacionalmente do produto, o que, em última instância, é financiado pelo consumidor final europeu, que parece não estar mais disposto a manter às suas expensas, os ganhos dos produtores domésticos de beterraba, e do açúcar dela processado, frente a competidores internacionais mais eficientes, como o Brasil e a Índia.

Nem mesmo o argumento da proteção dos empregos do setor, e os preços mínimos garantidos do açúcar na Europa, foram suficientes para frear a migração de empresários do setor que contava em 1990 com 215 usinas de processamento, e que hoje conta com 135 (e uma diminuição de 17.000 postos de trabalho), com tendência de diminuição acelerada a partir de 2006, incentivada ainda pela política do PAC de compensar financeiramente os empresários que migrarem para outros setores.

A perspectiva para a Comunidade Européia é a de que seja desenvolvida uma estrutura produtiva auto-sustentável, em lugar de uma estrutura mantida artificialmente.

Foram estabelecidos condições e prazos para que estes produtores se ajustem à nova realidade que lhes será imposta, a partir de junho de 2006, quando serão efetivamente implementadas as medidas que regularão o comércio, exportação e importação do açúcar na Comunidade Européia, de maneira a gradualmente derrubar barreiras às importações de países em desenvolvimento, e retirar os subsídios aos produtores europeus, que chegam a 3,3 Euros, por cada 1,0 Euro exportado do produto.

Para dimensionar o tamanho do prejuízo causado por esta política protecionista tanto combatida pelos paises interessados em um comércio livre, estima-se que Brasil e EUA sofram um prejuízo anual na ordem de 490 milhões de dólares e paises como a África do Sul e a Índia, cerca de US$ 60 milhões anuais.

Paralelamente à mudança da legislação vigente na Europa no setor açucareiro, há de se considerar também a nova ordem deste mercado que ora se instala com a entrada dos dez novos Estados Membros.

Com o ingresso da Eslovênia, Eslováquia, República Tcheca, Chipre, Malta, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia e Estônia, agregou-se 3 milhões de toneladas ao montante produzido pela Comunidade dos quinze Estados Membros, que agora passa a ser de 20 milhões de toneladas. Entre os novos Membros o principal player é a Polônia, responsável por praticamente 70% do montante produzido nos dez novos membros.

Observa-se uma tendência de movimentação de recursos maciços provenientes dos países mais ricos da Comunidade, na direção de estruturar os setores produtivos agrícolas destes novos membros, que hoje são obsoletos e pouco competitivos, de forma que, no futuro venham a suprir as necessidades do continente, e tornar as estruturas agrícolas européias novamente competitivas.

Portanto, pode-se esperar grandes mudanças no comércio açucareiro no futuro próximo, onde estudos de analistas Europeus projetam que com a total liberalização do mercado europeu, até o ano de 2010, as importações européias devam crescer em 10 milhões de toneladas. Novas oportunidades para os empresários brasileiros, que devem estar atentos a estas mudanças, buscando parcerias estratégicas nestes novos mercados, de forma a consolidar sua presença no novo Mercado Europeu, assegurando sua posição de maior exportador mundial de açúcar.