Empreendedores e pesquisadores dos Estados Unidos estão empenhados em desenvolver um setor sucroenergético que inclua aspectos baseados nos moldes brasileiros, gerando açúcar, etanol e bioeletricidade dentro de uma mesma planta industrial, em proporções que variam de acordo com os preços de cada produto no mercado, de acordo com reportagem da Ethanol Producer, principal revista dedicada ao segmento dos biocombustíveis nos EUA.
De acordo com a publicação, os pesquisadores americanos estão tentando contornar diversos desafios, como o de tornar a cana-de-açúcar adaptável a regiões mais frias. Por natureza, a cana tem grande adequação às regiões secas, nas quais chega a produzir açúcar em maior proporção do que em áreas mais chuvosas. Outro passo considerado fundamental para tornar o cultivo da cana nos EUA economicamente viável será atingido assim que a tecnologia para a produção de etanol a partir de celulose (etanol de segunda geração) se torne comercialmente eficaz.
Para a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o cenário apresentado pela Ethanol Producer reconhece uma tendência que vem sendo observada em vários projetos espalhados pelos Estados Unidos noticiados nos últimos meses. “Há um esforço para viabilizar a cana, particularmente em estados americanos onde as condições climáticas são mais favoráveis. Isso tem sido observado em diferentes projetos, alguns lançados por grandes empresas americanas do setor de biocombustíveis”, afirma o diretor de comunicação corporativa da Unica, Adhemar Altieri.
A cana-de-açúcar vem sendo plantada nos EUA por séculos, apesar da dificuldade para se encontrarem condições adequadas no país. As lavouras comerciais se concentram nos estados da Flórida, Luisiana, Texas e Havaí. Edward Richard, pesquisador-chefe em Los Angeles do USDA, o Departamento de Agricultura federal americano – equivalente a um ministério da agricultura, informou à revista Ethanol Producerque a produção de cana está limitada a 404 mil hectares no país. Por este motivo, o etanol americano é derivado principalmente de milho, cuja lavoura dispôs de 34 milhões hectares em 2008. Os Estados Unidos são o principal país produtor de milho do mundo.