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EUA não devem ser "reféns" do petróleo, diz Bush

Os Estados Unidos precisam reduzir sua dependência do petróleo importado, do qual atualmente podem ser reféns, disse na segunda-feira o presidente George W. Bush.

“Algumas das nações das quais dependemos para o petróleo têm governos instáveis ou diferenças fundamentais com os Estados Unidos”, disse Bush em discurso no início de uma viagem de dois dias por Wisconsin, Michigan e Colorado.

“Esses países sabem que precisamos do petróleo deles, e isso reduz a influência (dos EUA). Cria uma questão de segurança nacional quando somos feitos reféns da energia por nações estrangeiras que podem não gostar de nós”, acrescentou, sem citar os países.

Além de enfrentar críticas sobre a reação ao furacão Katrina, a guerra do Iraque e o programa de espionagem interna, o governo perdeu um tempo considerável na semana passada tentando explicar por que o vice-presidente Dick Cheney, ao balear acidentalmente um amigo durante uma caçada, demorou quatro dias para se pronunciar sobre o fato.

Bush visitou um centro de desenvolvimento de baterias e examinou dois veículos híbridos antes de discursar na sede da empresa Johnson Controls, em Milwaukee.

O presidente disse que, no futuro, um carro híbrido poderá andar mais de 60 quilômetros com uma bateria de íon-lítio, para depois reabastecer usando álcool, que nos EUA é feito de milho.

“Estamos próximos de ter essa visão realizada”, disse Bush, acrescentando que a viagem imaginária descrita por ele não consumiria uma gota sequer de gasolina.

Em seu discurso anual do Estado da União, em janeiro, Bush disse que os EUA são viciados no petróleo do Oriente Médio e propôs incentivos a combustíveis alternativos, a fim de reduzir em 75 por cento a importação de petróleo daquela região até 2025.

Além do álcool, ele defende também o desenvolvimento de automóveis movidos a biomassa.

Frank Verrastro, diretor do programa de energia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, disse na semana passada não entender por que Bush menciona apenas o Oriente Médio, se a Arábia Saudita é um fornecedor muito mais confiável do que, por exemplo, Rússia, Venezuela e Nigéria.

Bush, que fez carreira na indústria de petróleo, disse que “foi um choque para alguns ouvir um texano ali na frente do país dizer: Temos um verdadeiro problema, a América está viciada em petróleo”.

“Mas eu disse isso porque é verdade e temos de fazer algo a respeito agora.”

“Menos de metade do petróleo bruto usado nas nossas refinarias é produzido aqui mesmo. Sessenta por cento vem de países estrangeiros”, afirmou.

O preço elevado da gasolina contribui com a queda de popularidade de Bush, e isso é preocupante para ele em um ano eleitoral, que vai renovar grande parte do Congresso.

Segundo o governo, o preço da gasolina comum, sem chumbo, estava na semana passada 39 por cento maior do que há um ano, em 60 centavos de dólar por litro. Em setembro de 2005, quando o furacão Katrina atingiu a produção do golfo do México, o litro da gasolina nos EUA chegou a 81 centavos de dólar.

Mais uma vez, Bush disse que “faz sentido” construir novas usinas nucleares, como alternativa ao gás natural, que é mais caro.