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EUA acusam Brasil de elevar barreiras à importação

Os Estados Unidos atacaram duramente o Brasil hoje, acusando o país de elevar barreiras à importação que representa um ataque aos parceiros, refletindo a tensão que toma conta da cena comercial internacional.

“O Brasil tem tomado diversas medidas ao longo das duas últimas semanas para aumentar as tarifas (de importação)”, acusou o embaixador americano junto à Organização Mundial do Comércio (OMC, Michael Punke, em entrevista coletiva hoje em Genebra.

“Isso é uma espécie de ´stick in the eye´ (“pau no olho”) para os parceiros comerciais do Brasil, e cria um ambiente mais difícil para as negociações de Doha, que são obviamente focados no objetivo de reduzir as tarifas,” acrescentou.

Para o representante de Washington, a posição tomada pelo Brasil “tem o potencial de ser prejudicial para as negociações” da Rodada Doha. Ele não falou das posições protecionistas americanas.

Recentemente, o Brasil aumentou a tarifa de importação de brinquedos, de 20% para 35%, dentro dos compromissos assumidos pelo país na OMC.

A reclamação dos EUA coincide com a preparação pelo Brasil de uma denúncia contra os EUA por causa de barreiras ao etanol. Além disso, o Brasil não cessa de acusar os americanos de manipulação cambial, que derruba o dólar e prejudica os outros países.

Esta semana, no Brasil, os senadores norte-americanos John McCain e John Barrasso, reconheceram que a prorrogação por Washington do subsídio e da alíquota tarifa de importação sobre o etanol é “provavelmente ilegal”. Ou seja, eles mesmo admitem que o Brasil pode ganhar uma disputa na OMC que leve os EUA a desmontar sua alíquota de vez.

Contra a UE, o Brasil prepara uma reclamação alvejando regulamento sobre padrões de rotulagem para carnes de aves. Isso impede qualificar como “frescas” as carnes que já tenham sido congeladas, levando a discriminação em favor dos produtores europeus e prejuízos aos brasileiros. Não há restrição sanitária a essa prática, nas normas sanitárias da UE.

O Brasil planeja atacar também uma definição de carne bovina para fins de utilização da cota Hilton, que envolve o produto de maior valor agregado. A definição do produto hoje utilizada inviabiliza o aproveitamento adequado da cota pelos produtores brasileiros, frustrando a compensação que a UE deveriam dar ao Brasil, por causa de um antigo contencioso.