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ETH e Brenco planejam aporte de R$ 3 bi

A ETH Bioenergia, do grupo Odebrecht, anuncia hoje os detalhes de sua associação com a Companhia Brasileira de Energia Renovável (Brenco). A nova empresa nasce avaliada em R$ 7,3 bilhões, valor que já considera totalmente pago o projeto de nove usinas com capacidade de moagem de cana de 37 milhões de toneladas.

Os ativos já existentes – que deverão render 14 milhões de toneladas de cana processadas em 2010/11 – estão avaliados em R$ 4 bilhões. Assim, o plano de investimento da nova companhia deverá contemplar R$ 3 bilhões nos próximos 18 a 24 meses, segundo apurou o Valor. Ao contrário de outras transações, a união de ETH e Brenco representa um fortalecimento do capital nacional no ramo. Mas, mesmo assim, o novo ciclo começará com 23% da capacidade total de moagem nas mãos de capital estrangeiro, ante 12,4% em 2008/09, conforme a Datagro.

A Brenco iniciou suas atividades em 200! 7, com forte viés estrangeiro. Presidida pelo ex-presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, a empresa começou a construir usinas com recursos de fundos globais, como o Ashmore Energy, e acionistas como o bilionário indiano Vinod Khosla e o ex-presidente do Banco Mundial James Wolfensohn.

A Brenco foi vitimada pela crise quando já tinha aplicado os recursos que tinha. A partir de então buscou empréstimos-ponte e mais aportes do BNDESPar, que até antes da fusão com a ETH já tinha investidos R$ 140 milhões na empresa, o equivalente a uma fatia acionária de 20,9%. No anúncio de hoje, deve ser confirmado um aporte adicional de R$ 100 milhões do BNDESPar no projeto, além de R$ 200 milhões de outros investidores da Brenco.

Também está em fase de desembolso pelo BNDES um financiamento de R$ 1,2 bilhão à Brenco para a construção das quatro usinas. O banco não informou quanto desse capital já foi liberado até agora. De qualquer forma, o capital estrangeiro no fruto da f! usão será diluído, mesmo com a participação de 33% da trading japonesa Sojitz na ETH.

O movimento vem na contramão do que vem ocorrendo neste pós-crise de consolidação. A ampliação do capital estrangeiro foi marcada nos últimos meses pela incorporação do Grupo Moema pela americana Bunge, pela aquisição da Santelisa Vale pela francesa Louis Dreyfus e pela entrada da anglo-holandesa Shell em uma joint venture com a Cosan, cujas negociações seguem em curso.

A concentração da produção de açúcar e álcool também ganha cores sob o prisma da ligação com a distribuição de combustíveis, já concentrada. A Cosan adquiriu em 2008 a rede da Esso no Brasil e o pacto com a Shell inclui distribuição, açúcar e álcool. Em 2009, a British Petroleum adquiriu 50% da usina Tropical Bioenergia, de Goiás, e a Petrobras abocanhou 40,4% da Usina Total (MG).

Isso não deve trazer, por enquanto, mudanças sensíveis na política de preços do etanol, segundo Julio Maria Borges, da Job. Mas na! medida que a estrutura da oferta do biocombustível for mais oligopolizada, deve-se desenhar um novo formato. “Os preços deverão ser cada vez mais negociados do que regulados por fundamentos de mercado”. (FB)