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Etanol único é tema polêmico e recorrente

O tema é controvertido e controvertido. De tempos em tempos volta a ser proposto. Desde meados da década de 70, quando foi criado o Proálcool, que a adoção do álcool único, em vez da distinção entre o produto hidratado e anidro, é questionada. Na ocasião, a indústria automobilística havia concluído que a eficiência dos veículos não se alteraria se o combustível contasse em sua composição com até 10% de água. A medida volta à pauta da Agência Nacional do Petróleo (ANP) por sugestão dos próprios usineiros. Os conflitos tributários entre os dois tipos de álcool contribuíram para que a proposta ganhasse força na ANP. O álcool hidratado é tributado na usina, enquanto que o anidro é onerado nas distribuidoras.

Mas a questão não é uma unanimidade entre os usineiros. Nota distribuída ontem pela União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Única) critica o projeto da ANP. Segundo a entidade, “o Brasil tem uma história de sucesso na utilização de dois tipos de álcool”. A entidade, com isso, não vê motivo para mudança da fórmula. Caso queira levar a proposta adiante, a Única sugere à ANP que promova uma “ampla discussão com a sociedade envolvendo produtores de álcool, indústria automobilística, revenda e distribuição.”

O presidente da União das Destilarias do Oeste Paulista (Udop), Luiz Guilherme Zancaner, afirma que o custo dos estoques de álcool hidratado é elevado e por isso, as vantagens da adoção do álcool único podem superar as desvantagens. Para se obter o álcool anidro é necessário submeter o combustível a um tratamento químico que inviabiliza o produto para outros usos, que não o combustível.

O presidente da Usina Moema, Maurílio Biaggi, defende a alteração. Seria o fim das fraudes, mas também da ocupação dos tanques com água. Seriam muitos os tanques poupados: das usinas, das distribuidoras e até dos veículos bicombustíveis.