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Etanol mais gaúcho

Se o etanol tem “estação” em todo o país, ligada à safra de cana-de-açúcar, para os gaúchos a época é menor ainda. Com 98% do produto trazido de outros Estados – São Paulo e Paraná, principalmente – abastecer com álcool é mais vantajoso no Rio Grande do Sul durante metade do ano.

Levantamento de Zero Hora com base no preço médio colhido pela ANP no Estado mostra que, desde 2004, em 55% dos meses o etanol ficou abaixo de 70% da gasolina, condição para que saia mais em conta. O período coincide com o início da expansão dos carros flex no Brasil. Em Santa Catarina, em igual período, o álcool foi vantajoso em 86% dos meses.

Dois fatores impedem o uso mais frequente pelos gaúchos. Um é o frete – como o álcool vem de longe, as distribuidoras embutem o custo do transporte por trem e caminhão. Outro é a carga tributária. Enquanto a alíquota do ICMS em São Paulo é de 12% e a paranaense, de 18%, o imposto gaúcho sobre o ! etanol é 25%. O impacto é de R$ 0,58 em média sobre o preço do litro, segundo Alísio Vaz.

Com perspectiva de aumento de consumo, um grupo de investidores gaúchos projeta a implantação da usina de etanol em São Luiz Gonzaga. A Noroesthe Bioenergética SA (Norobios) já tem plantados 150 hectares de cana e assina, nesta terça-feira, um protocolo de intenções com o governo do Estado para ter acesso a incentivos fiscais.

– Devemos começar a produzir na safra 2012/2013, com 6 mil hectares – projeta o diretor presidente da Norobios, Cláudio Morari.

A meta é produzir 120 milhões de litros quatro anos após o início das operações. Supriria 15% do consumo gaúcho, uma tentativa de reduzir a dependência, junto com a Coopercana, de Porto Xavier.