Se há um traço em comum na agitada agenda de visitantes internacionais ao País em novembro, de russos a vietnamitas, é o álcool. Não o servido nos almoços e jantares do Itamaraty, mas o etanol, feito de cana-de-açúcar, que está sendo preparado para se tornar um grande produto de exportação.
A venda de etanol e de tecnologia para produção e uso esteve em todas as conversas. A alta do preço do petróleo e as regras de redução da poluição previstas no Protocolo de Kyoto dão ao produto um enorme potencial de crescimento.
“Temos 30 anos de etanol no lombo”, disse a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Segundo ela, não há país que conheça mais o etanol que o Brasil. Outros países fazem experiências com o álcool de milho, como os Estados Unidos e, por algum tempo, a China. O problema é o custo, muito mais alto que o de cana.
“O Brasil é o único país em condições de ser grande fornecedor de etanol”, concorda o diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, embaixador Mario Vilalva. O problema é que os países resistem à idéia de adotar o álcool e ficarem dependentes de um único fornecedor.
Os japoneses, por exemplo, levantaram essa questão quando o primeiro-ministro, Junichiro Koizumi, esteve no País: queriam garantias de fornecimento para só então avaliar a idéia de incluir o álcool em sua matriz energética.
A saída, explicou Vilalva, é credenciar outros países a fornecer o álcool, transformando o etanol em commodity internacional. Entre os acordos assinados com a China está a transferência de tecnologia de produção e utilização de etanol. O mesmo foi oferecido ao Vietnã, que produz cana-de-açúcar.
“O Brasil tem a melhor tecnologia para o etanol, mas quer difundi-la”, explicou o diretor do departamento de Ásia e Oceania do Itamaraty, embaixador Edmundo Fujita. “Não se trata de criar uma Opep do álcool, mas já temos cooperação nessa área com a China, a Índia e a Tailândia.”
O etanol também está sendo avaliado como alternativa para a combalida economia de Cuba e para lançar as bases de reconstrução econômica do Haiti.