Um novo tipo de etanol feito a partir da celulose vem despertando a atenção de investidores dos Estados Unidos. O produto se difere daquele feito à base de milho pelo fato de poder ser produzido a partir de qualquer material orgânico.
O ex-presidente do Banco Central dos Estados Unidos Alan Greenspan falou recentemente do combustível em uma audiência sobre segurança energética no Congresso. Greenspan disse que o etanol de celulose é a única alternativa de fonte energética que poderia ser produzida em quantidade suficiente para reduzir o uso de gás no país.
No mês passado, o Goldman Sachs, maior banco de investimentos do mundo, aplicou US$ 27 milhões no Logen, um biocombustível canadense feito da celulose, segundo uma reportagem da CNN.
Até agora se pensava que o combustível – que segundo alguns poderia substituir mais de dois terços de toda a gasolina usada no país – ainda está longe de ser produzido em escala comercial.
No entanto, a combinaçãp de altos preços do petróleo, inovações tecnológicas e investimentos poderá transformá-lo em uma alternativa viável.
– Por que a Goldman Sachs investiria em um negócio que não será viável comercialmente em dez anos? – questionou um analista.
A maior parte do etanol produzido hoje nos Estados Unidos é feita a partir do milho. O etanol é uma fonte de energia limpa e renovável, e tem um custo de produção de US$ 1 por galão. Alguns carros já rodam com 10% de etanol, sem modificações no motor e precisariam de um investimento de apenas US$ 100 para poderem rodar com 15% de etanol. Outra vantagem é que o combustível é produzido nos EUA.
No entanto, existem alguns problemas em torno do etanol feito de milho. Em primeiro lugar, é preciso muita energia para produzi-lo.Segundo, existe uma infra-estrutura cara que precisará ser construída caso a população comece a usar mais etanol em seus veículos, já que o etanol é solúvel em água e a maior parte dos oleodutos e equipamentos de postos de abastecimento não são vedados para a não absorção de água.
Em terceiro lugar, não há milho em quantidade suficiente para uma produção em larga escala nos EUA. Segundo um especialista, o milho poderia produzir de 12 a 18 bilhões de galões de etanol por ano, ou cerca de 10% dos gastos anuais de gasolina da população.
Acima deste limite, o preço do etanol dependeria do valor do milho, o que pressionaria também o preço de outros alimentos que tem o milho em sua composição. O mesmo aconteceria com o etanol feito a partir do açúcar ou da soja.
Já o etanol de celulose tem as mesmas vantagens do outro, se diferenciando apenas na forma de produção. Outro ponto positivo é que, ao contrário do etanol feito do milho, o etanol da celulose pode ser produzido a partir de uma série de matérias-primas: carvão, lama, resíduos de plantas, árvores ou qualquer outra coisa que contenha carbono.
Este mesmo especialista diz que há cerca de 1 bilhão de toneladas dest tipo de material disponível nos Estados Unidos, o suficiente para 100 bilhões de galões de etanol.