Já são 82 as usinas que anteciparam a moagem da cana para assegurar a oferta de álcool. O preço do álcool hidratado vem mantendo queda moderada nas bombas do estado de São Paulo. Em quatro semanas, o preço no varejo caiu apenas 2,4%, segundo pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O preço médio do combustível ficou em R$ 1,747 o litro. Com isso, o valor cobrado pelo etanol já está se aproximando da paridade com o da gasolina, que é de 70% para os veículos bicombustível. Isso significa que para os proprietários desses veículos está ficando indiferente abastecer os tanques com álcool ou com gasolina.
Nas usinas paulistas, os preços caíram 8,75% nesse período. Desde meados de março, os preços cobrados das distribuidoras pelas usinas não param de cair. A queda dos preços está sendo acelerada pelo avanço da safra de cana, que neste ano foi antecipada em dois meses. A expectativa é de que até o fim do mês terão sido produzidos pelo menos 800 milhões de litros de álcool combustível, o que servirá para atenuar a crise de escassez do produto. Segundo a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), 82 usinas do Centro-Sul, de um total de 240 unidades, já estavam em operação até ontem. Dessas, 46 estão em São Paulo, estado que detém 60% da produção nacional. “Havia risco de desabastecimento de álcool na Semana Santa em pontos isolados, mas antecipamos a moagem e conseguimos assegurar a oferta”, diz Maurílio Biago Filho, da Usina Moema.
Com a queda de preços nas usinas, o álcool deve voltar a ser atraente na maioria dos Estados brasileiros. Hoje não vale a pena abastecer com álcool em nenhum deles (ver mapa).
O clima seco favorece o avanço da safra, informa a Reuters. Não há previsão de chuva para regiões de cana como o norte de São Paulo, afirma a meteorologista da Somar Desirée Brandt, referindo-se à área de Ribeirão Preto, onde está o maior centro produtor de cana do país. As chuvas do início desta semana foram localizadas e não atrapalharam o corte da cana.
Até o fim deste mês, a totalidade das usinas deverá entrar em operação, o que contribuirá para queda ainda mais acentuada dos preços. Essa redução de preços, porém, não deverá ser tão acentuada neste ano, prevê o diretor do Departamento de Álcool e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan. Para ele, não deverá ficar abaixo de R$ 0,80 o litro nas usinas, enquanto que em meados de maio de 2005 o litro chegou a cair para R$ 0,572. Em 2006, a demanda deverá permanecer elevada durante todo o ano, apesar da previsão de safra pelo menos 10% maior que a anterior.