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Etanol diminui déficit do petróleo

Passados quatro anos após o anúncio da autossuficiencia na produção de petróleo, e com o esforço da Petrobras e de empresas que entraram na exploração e produção a partir da Lei do Petróleo nº 9.478, de 06/08/1997, saímos da produção média diária de 1,747 milhões de barris em 2007 para 2,031 milhões em 2010, aumento de 16,24% – o que nos insere no seleto grupo de países produtores.

No entanto, é necessário esclarecer que a autossuficiência foi somente no petróleo bruto e não nos derivados, que continuam com a conta negativa.

Em 2010, exportamos uma média diária de 606 mil barris de petróleo bruto (32,31% acima de 2009), o que nos deu uma receita de US$ 5,086 bilhões (um representativo aumento de 209,94%); importamos 351 mil barris (-6,12%) com um dispêndio de US$ 3,413 bilhões (+57,63%). Tivemos saldo de US$ 1,672 bilhão.

Em 2010, exportamos uma média diária de 235 mil barris de derivados em geral (4,57% acima de 2009), o que resultou na receita de US$ 2,256 bilhões (72,18% maior que em 2009); importamos 446 mil barris (+104,06%) com um custo de US$ 4,050 bilhões (um aumento de 233,31% sobre 2009, quando desembolsamos US$ 1,215 bilhão). Temos um déficit comercial de US$ 1,794 bilhão, contra superávit de US$ 426,793 milhões em todo o ano de 2009. Na soma da conta-petróleo – exportação e importação de derivados e petróleo bruto – temos déficit de US$ 122,397 milhões, contra superávit de US$ 591,684 em 2009.

Por que, sendo o Brasil autossuficiente na produção de petróleo, é deficitário no que se refere aos derivados? A resposta é simples: falta-nos refinarias.

Apesar das modernizações da Petrobras ao longo dos últimos anos, as refinarias do país não conseguem processar o volume necessário de derivados para o consumo interno.

Por falta de planejamento estratégico dos nossos governantes, a última refinaria inaugurada no país foi em 1980 (Henrique Lage – Revap). Não obstante, a construção do Comperj (150 mil b/d) e da refinaria Abreu e Lima, em Suape (200 mil b/d, PE), não serão suficientes para atender à crescente produção, e o nosso déficit de derivados tende aumentar cada vez mais. O óleo diesel, a nafta, gasolina A, querosene de aviação e o GLP representam 80% do que é importado e 86% dos custos.

Esperemos que as tão propaladas refinarias Premium I (600 mil b/d, MA) e Premium II (300 mil b/d, CE) saiam das intenções e sejam construídas. Assim, abasteceríamos o mercado local e exportaríamos os excedentes de petróleo e os derivados, que têm alto valor agregado. Se não atentarmos para o refino, corremos o risco de ficar na situação do Irã, segundo maior produtor dentro da Opep (3,8 milhões b/d) que continua gastando bilhões de dólares na importação de derivados por falta de refinarias. E temos que andar rápido: se forem confirmadas os potenciais e a viabilidade dos campos do pré-sal, a nossa produção diária poderá alcançar cinco milhões de barris/dia nos próximos 15 anos.

O déficit de derivados só não é maior devido à participação do etanol de, não só em função da mistura de 25% à gasolina, mas também, ao crescente aumento da frota de veículos flex.