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Etanol deve ser incluído em documento paralelo

O Brasil conseguiu incluir uma menção ao biocombustível na declaração final que será emitida na sexta-feira pelos países emergentes e pela Alemanha como uma das alternativas para lidar com o aquecimento do planeta. O documento foi negociado entre Brasil, China, Índia, África do Sul e México, além dos alemães como presidentes do G-8.

O Brasil, porém, deixou claro que não aceitaria qualquer menção a uma meta de emissões de gás carbônico (CO2) para os países emergentes. Na avaliação do Itamaraty, tal medida teria repercussões para o próprio desenvolvimento do País nos próximos anos. Um teto nas emissões é também um teto no desenvolvimento, afirmou um representante do Palácio do Planalto.

A questão do meio ambiente será um dos pontos centrais do encontro entre França, Alemanha, Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, Japão, Canadá e Itália. Cinco países emergentes foram também convidados para o encontro que começa hoje. Mas apenas poderão participar dos debates na sexta-feira e por apenas uma hora e meia. Como vem ocorrendo há vários anos, o grupo de países ricos se reúne isoladamente por dois dias e apenas no terceiro dia de reuniões é que permite a participação dos emergentes.

A declaração que falará do etanol não é a mesma que o G-8 fará ao final de seu encontro. Mesmo assim, o governo alemão foi obrigado a negociar com os demais países do grupo de economias industrializadas para dar o sinal verde para que o etanol fosse mencionado.

A diplomacia brasileira comemorou a inclusão do tema no documento de Heiligendamm. Em Berlim, diplomatas alemães confessaram ao Estado que uma grande ajuda foi dada a Brasília pelo apoio dos Estados Unidos ao tema. Em março, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush estabeleceram acordos de cooperação na área do etanol.

A verdade é que a menção ao etanol no G-8 convém não apenas ao Brasil, mas também aos Estados Unidos, que quiseram evitar de todas as formas que os alemães conseguissem a inclusão de novas metas de emissões de CO2. A Casa Branca preferiu se concentrar em temas como inovações tecnológicas como forma de lidar com o meio ambiente. Nessa manobra, portanto, o etanol cai como uma luva.

TETOS

Já quanto à insistência dos europeus em ver os emergentes com tetos de emissões de CO2 nos próximos anos, o Brasil é enfático em negar tal proposta. O governo aceita que todos os países tenham responsabilidades, mas alerta que não há como aceitar um teto para as emissões enquanto uma tendência contrária ocorre nos países ricos. Os Estados Unidos não aceitam as metas para os países ricos com temores de perder competitividade no setor industrial. Já os europeus, apesar do discurso, viram suas emissões aumentarem entre 2005 e 2006.

O governo defenderá na Alemanha que, se o desmatamento no País for reduzido, o Brasil deixa a lista dos 20 maiores emissores de CO2 do mundo. Pelos cálculos do governo, em oito anos, o País deixou de emitir mais de 600 milhões de toneladas de CO2 graças ao etanol.