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Etanol de milho movimenta usina paranaense na entressafra

Com a quebra da última safra, a produção do etanol de milho desponta como alternativa para recuperação do setor

Etanol de milho movimenta usina paranaense na entressafra

Com uma planta industrial flex, usina localizada em Jandaia do Sul, norte do Paraná, mantém a produção de etanol de milho durante a entressafra da cana.

Das dezenove usinas paranaenses, esta é a única que continua a produzir o combustível, mesmo no período de entressafra da cana. Nas outras dezoito os maquinários estão parados e o momento é de manutenção dos equipamentos.

Localizada em uma região cercada de lavouras, a usina compra a matéria-prima de cooperados ou de produtores independentes. São grandes quantidades de milho recebidas todos os dias, em um período em que não há cana-de-açúcar para ser moída.

“Este ano, a safra de cana foi muito curta porque nós tivemos uma seca muito grande em 2020 e uma geada forte, o que fez com que muitos canaviais diminuíssem. Então, têm unidades que já estão paradas desde setembro. E nós, com a nossa unidade de milho, embora a margem esteja sendo menor, estamos conseguindo operar pelo menos por mais quatro meses”, explica o presidente da usina, Fernando Fernandes Nardini.

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A capacidade da usina permite moer até seiscentas toneladas de milho por dia e com cada tonelada do cereal é possível produzir mais de quatrocentos litros de etanol. Já com a cana-de-açúcar, a produção fica em torno dos oitenta litros.

Na produção com milho, a necessidade de mão de obra é menor. Na moagem da cana, são necessários trezentos funcionários e na do milho são cerca de cem trabalhadores.

Mesmo assim, a margem de lucro do etanol de milho é menor: no cereal, fica em torno de 7%, enquanto na cana é de 40%. Grande parte disso se dá por conta da alta no preço da saca de milho.

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento indicam que a produção de etanol no Brasil na safra 2021/22 chegue a 29,2 bilhões de litros. Desse total, mais de três bilhões e trezentos milhões de litros serão derivados do milho.

O presidente da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar), Miguel Tranim, avalia que essa produção deve crescer também no estado.

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Miguel Tranim

“Eu sei de pelos menos mais duas unidades industriais que estão com processo para produzir a partir do milho, com projeto em andamento para instalação futura. Assim como no Brasil, deve ser uma realidade muito breve. Se a gente pensar comparativamente, os Estados Unidos produzem muito mais etanol do que o Brasil e é todo de milho”, diz Tranim.

Na última safra de cana, as usinas paranaenses reduziram o percentual de produção de açúcar de 60% para 56%, e aumentaram o de etanol de 40% para 44%.

Mesmo com a maior parte do açúcar sendo vendida para o exterior, a alta no preço do etanol no mercado interno foi fundamental para este efeito, já que as exportações do combustível foram 58% menores.

O presidente da Alcopar afirma que usinas têm atravessado uma crise nos últimos anos, agravada pela seca. Segundo ele, a produção de etanol de milho pode contribuir para a recuperação do setor.

“No Paraná temos 19 usinas em operação. Chegamos a ter mais de 30, mas com a crise, esse número foi se reduzindo. Um outro ponto que houve depois dessa pandemia, foi a elevação fortíssima dos preços, que afeta também o custo dos arrendamentos, nessa própria concorrência com outras atividades. A grande saída para as usinas é se dedicaram a produção de energia elétrica, ou seja, fazer o contexto da bioenergia, além do etanol, além do açúcar partir também para cogeração”, avalia Tranim