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Etanol brasileiro deve custar menos que 60% do preço da gasolina para que demanda cresça

Os preços do etanol no Brasil, o segundo maior produtor do biocombustível, precisam ficar abaixo de 60% do preço da gasolina para que os motoristas mudem para o combustível advindo da cana, impulsionando a demanda doméstica, segundo a consultoria Datagro.

Segundo o presidente da Datagro, Plinio Nastari, apesar de a paridade de preços ser alcançada quando o etanol puro custa entre 67 e 69,4% do preço da gasolina, como o biocombustível queima mais rapidamente, os consumidores precisam que o preço seja ainda menor do que isso para trocarem o combustível fóssil pela alternativa sustentável.

“Os consumidores migram de um produto para o outro quando a diferença [de preços] é significativa”, afirmou Nastari em conferência promovida pela Organização Internacional do Açúcar. “Quando os preços ficarem abaixo de 60%, teremos uma movimentação significativa em direção ao etanol”.

O centro-sul do Brasil, principal região produtora do biocombustível no país, deve moer o volume recorde de 591,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2013/2014, iniciada em abril, estima a Datagro. A produção de açúcar deve atingir 34,2 milhões de toneladas, volume semelhante ao do ano passado, e a do etanol deve crescer para 25,6 bilhões de litros, ante os 21,4 produzidos na safra anterior. Os produtores da maior economia da América Latina fabricam o adoçante e o biocombustível a partir da cana-de-açúcar bruta.

Cerca de 24% da frota de veículos flex-fuel do Brasil usam etanol hoje, frente os 82% de 2009, disse Nastari. Isso significa que ainda há potencial para que a demanda pelo etanol vá de 1 bilhão de litros por mês para 1,9 bilhão de litros, se a quantidade de veículos flex abastecidos com o biocombustível se igualar à de 2009. Naquele ano, os preços do etanol equivaliam a 54-56% os da gasolina, lembrou.

Etanol

“Há grande potencial para variação no consumo de etanol, dependendo da preferência do consumidor por etanol hidratado ou gasolina”, afirmou Nastari, referindo-se ao etanol puro utilizado nos veículos flex-fuel. “Uma variação de 10% no número de consumidores optando por um ou outro combustível pode resultar em 6 milhões de toneladas a mais ou menos de açúcar. O fator mais importante no mercado de açúcar, hoje, é a escolha de combustível feita pelos motoristas brasileiros”.

Os futuros de açúcar caíram 11% em Nova York este ano, já que a oferta global do produto superou a demanda em mais de 10 milhões de toneladas na temporada terminada em 20 de setembro, segundo informações da Organização Internacional do Açúcar. O excedente deve ser reduzido a 2,6 milhões de toneladas no período 2013/2014 e o mercado global pode enfrentar escassez do produto na temporada seguinte, já que os estoques estão diminuindo e os investimentos no setor estão reduzidos no Brasil, o maior produtor mundial da commodity.

Dificuldades financeiras serão traduzidas no fechamento de outras 20 usinas durante os próximos dois ou três anos, conforme Nastari. Mais de 50 unidades deixaram de operar desde 2007. Enquanto usinas deverão fechar suas portas, contudo, a cana deverá será moída a custos mais baixos, disse.