Mercado

Etanol atrai mais indianos para o Brasil

Além dos investimentos de US$ 600 milhões anunciados nesta semana por três estatais da Índia na produção de etanol no Brasil, pelo menos duas outras companhias privadas daquele país também miram no mercado brasileiro em busca de estabelecer parcerias, formar joint ventures e trocar know-how (tecnologia) com companhias do setor.Em entrevista exclusiva ao DCI, S. Swaminathan, cônsul-geral da Índia no Brasil, informou que a Hindustan Bajaj-que atua na produção de açúcar e álcool naquele país- e da Walchandnagar -indústria de base- já andaram sondando o mercado brasileiro e tiveram conversas com companhias nacionais do setor recentemente.”Nós intermediamos os contatos, mas eu ainda não tive o feed back sobre essas conversas”, afirmou Swaminathan. Entre os brasileiros procurados pelos estrangeiros, foram citados o Grupo Cosan e a Coimex Trading Company -uma das maiores tradings do país, que exporta café, açúcar, álcool e combustíveis a dezenas de países. Fontes do mercado confirmaram que ocorreram conversações entre a Coimex e os empresários daquele país.Normalmente, lembra o cônsul, o consulado do país é procurado pelas companhias interessadas em conhecer melhor o mercado brasileiro e saber quais são as fontes mais indicadas para obter os primeiros contatos.Inicialmente, o interesse de ambas as companhias é formar joint ventures ou fazer parcerias com brasileiros, para a produção de etanol e, ainda, outros bicombustíveis, além da troca de know-how. A Hindustan Bajaj tem grande interesse em investir na área de biocombustíveis em geral, segundo Swaminathan.A Walchandnagar, empresa familiar e fornecedora de máquinas para o setor sucroalcooleiro, quer produzir etanol na Índia.Há interesse em formar joint venture com brasileiros para trocar conhecimentos e atuar em conjunto.Do segmento de indústrias de base fornecedoras do setor, a Walchandnagar não é a primeira a interagir com empresários brasileiros. A Praj Industries está atuando oficialmente no mercado nacional desde o início deste mês por meio de joint venture que formou com a brasileira Jaraguá -e que resultou na formação da Praj Jaraguá Bioenergia S.A..Os indianos também procuraram um instituto de desenvolvimento de tecnologias para fabricação de etanol em Piracicaba, no interior de São Paulo.Durante a entrevista, Swaminathan disse, ainda, acreditar que os biocombustíveis podem acrescentar muito ao fluxo de comércio entre os dois países a médio prazo. A meta de corrente comercial estabelecida pelos governos dos dois países há alguns anos, de chegar aos US$ 10 bilhões em 2010, pode ser até mesmo superada, em sua opinião, por conta dos interesses mútuos que podem surgir entre empresários do setor.No ano passado, a corrente comercial Brasil e Índia totalizou US$ 3,122 bilhões e o Brasil é deficitário na balança. Enquanto as vendas externas para os indianos somaram US$ 957,8 milhões, as importações de produtos daquele país totalizaram US$ 2,164 bilhões. Os principais produtos que envolvem a pauta de comércio são petróleo e soja.Custo baixoOs motivos que trazem essas companhias a investirem no Brasil são o custo baixo e o conhecimento da tecnologia, por ser líder em produção. Além disso, lembra o cônsul da Índia, naquele país a prioridade é a produção de açúcar, devido ao alto consumo e ao tamanho da população.Felipe Ferraz, broker da corretora Hencorp Commcor, comentara, em entrevista anterior, que o Brasil chama a atenção por dispor de grande quantidade de terras cultiváveis e, apesar de ter problemas de infra-estrutura, ainda está à frente da Índia nesse aspecto.Outras três companhias motivadas a apostar na produção no país são as companhias estatais petroleiras Bharat Petroleum, Hindustan Oil e Indian Oil. O anúncio dos investimentos foi feito oficialmente ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Miguel Jorge, na última quarta-feira, durante audiência com o ministro do Petróleo e Gás indiano, Murli Deora, em Nova Délhi, na Índia. O aporte deverá ser de US$ 600 milhões e direcionado ao plantio de cana-de-açúcar e produção de etanol no Brasil.O ministro viajou àquele país chefiando uma comitiva de empresários em busca de novas oportunidades de negócios e investimentos.Ainda de acordo com informações fornecidas pelo MDIC, os indianos devem formar um consórcio e comprar participações em usinas brasileiras produtoras de etanol. O objetivo é conhecer tecnologias brasileiras e, mais tarde, aplicá-las na Índia.Há, ainda, especial interesse na tecnologia de motores automobilísticos flex fuel, que permite a utilização de qualquer proporção da mistura de etanol e gasolina.O país asiático ainda não tem carros movidos a etanol, apesar de adicionar 5% do produto à gasolina.