Mercado

Etanol: a solução brasileira

O Brasil tem nas mãos uma estratégia para reduzir a emissão dos gases causadores do efeito estufa: o etanol. A produção atual do combustível, porém, está ameaçada pelo baixo interesse de produtores e consumidores. No Rio Grande do Sul, por exemplo, sua venda caiu 66% de 2009 a 2011. O alto preço do produto prejudica o interesse do consumidor. Porém, é preciso olhar para outros fatores além do econômico. A sociedade tem de se conscientizar sobre o papel ambiental do álcool e o enxergar como um aliado.

Desde 2006, a produção de etanol brasileira já não é a maior do mundo. Além disso, uma série de fatores vem comprometendo a ampliação do uso do combustível nos últimos dois anos. Como resultado, houve uma redução de 35% nas vendas para o mercado interno. Tal fato gera um ciclo negativo no mercado: quanto menor a produção de álcool, maior o preço do produto na bomba. Isso desestimula o consumidor a optar pelo biocombustível e, em razão da baixa demanda, o produtor perde o interesse em aumentar a parcela da cana que vira etanol.

Especialistas defendem que a saída para o problema passa pelo aumento dos investimentos no setor para estimular a produção do etanol, reduzindo os custos para o produtor e, consequentemente, ao consumidor. A redução de impostos proposta pelo governo gaúcho segue essa lógica. Entretanto, cabe salientar que essa saída adotada pelo Estado não resolve sozinha o problema – visto principalmente pelo fato de que a própria produção do biocombustível está cara.

Apesar de pouco eficaz, a medida mostra que ainda há preocupação e interesse em manter o uso do etanol. Mas é preciso que os consumidores também ajam. Isso porque, ao optar pelo biocombustível, o usuário não só está reduzindo as emissões causadas em seus deslocamentos como incentivando a recuperação da indústria sucroalcooleira. Além disso, na maioria dos casos, os benefícios de se abastecer o carro com etanol incluem expressivas reduções de custos, mesmo em cenários aparentemente pouco competitivos.

No final da década de 1980, a crise no abastecimento do etanol fez com que a produção nacional de veículos, que era 90% a álcool, migrasse toda para gasolina. Com o surgimento da tecnologia flex, temos a oportunidade de correr atrás do tempo perdido. Tomar a decisão mais sustentável não requer esforço. Cabe ao consumidor compreender o seu papel nessa cadeia produtiva e fazer a sua parte na luta contra o aquecimento global.

RODRIGO SOMOGYI | Gestor de inovação e sustentabilidade da Ecofrotas