A partir de janeiro, o óleo diesel que abastece veículos no país vai contar com uma dose extra de óleo de origem vegetal. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a antecipação da adição de 5% de biodiesel ao diesel, medida que estava prevista em lei para vigorar apenas em 2013. A mistura obrigatória se limitava aos 4%. O início das vendas do chamado B5 vai levar a um aumento da ordem de 26% na produção do combustível no país. Atualmente, as usinas espalhadas pelo território nacional produzem cerca de 150 milhões de litros por mês. Com 5% de biodiesel no diesel, esse volume deve passar para mais de 190 milhões de litros mensais, ou perto do! s 2,4 bilhões de litros anuais, e deve colocar o Brasil na segunda posição do ranking mundial dos países produtores, perdendo apenas para a Alemanha, que extrai o combustível menos poluente da canola. O Brasil deverá ultrapassar os Estados Unidos, que hoje ocupa o segundo lugar.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou a possibilidade de antecipar a mistura de 5% do biodiesel no diesel. No entanto, cobrou da Petrobras Biocombustíveis que “assuma” a tarefa de diversificar a produção no país, uma vez que cerca de 80% do biodiesel brasileiro é feito a partir da soja, que tem preços ditados pelo mercado internacional. “Uma vez dentro da matriz energética, o biodiesel não pode faltar”, afirmou. “Não temos direito de ficar dependentes da soja. Porque a soja é alimento. Temos de estimular novas oleaginosas para diversificar a produção”, reforçou. Ele ainda lembrou que o biocombustível foi patenteado em 1975 e somente em 2003 o governo começou o processo de sua inclusão na ! matriz energética. “Perdemos 28 anos”, disse.
O aumento na demanda pelo biodiesel que será misturado ao diesel em uma porcentagem de 5%traz temor para as revendas de combustíveis. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Sergio de Mattos, acredita que haverá pressão nos preços do óleo diesel. “Esse aumento de um ponto percentual vai levar a uma alta de mais de 26% na demanda pelo biodiesel. Pode ocorrer problemas de oferta, o que resulta em reajuste de preços”, observou. No entanto, o diretor de Operações da Ale Combustíveis, Cyro Souza, avaliou que essa alta não deve passar de R$ 0,01. “Não será nada que vá gerar impacto ou desequilíbrio na economia”, calculou.
O analista do setor de biodiesel do Portal Biodiesel BR, Univaldo Vedana, também não acredita em pressões nos preços. Ele diz que o momento é de entressafra da soja. No entanto, as chuvas levaram à antecipação do plantio, o que pode repres! entar uma colheita também antes da hora. “Em meados de janeiro já deveremos ter grãos novos”, observou. Com isso, a oferta se estabiliza e os preços tendem a ficar estáveis.
Na opinião do coordenador geral de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Denilson Ferreira, não há razões para pressões no preço do biodiesel. “Ele varia muito de acordo com o preço da soja mas, até então, a expectativa é de que não teremos sobressaltos na próxima safra, nem mesmo se houver um aquecimento da economia ou se a China voltar a importar quantidades mais expressivas”, frisou. Ele lembrou ainda que o uso de uma porcentagem maior de biodiesel no diesel traz outras vantagens ambientais e econômicas. “Deixamos de importar diesel”, lembra. Com isso, há um fortalecimento da produção nacional, que reflete diretamente na geração de empregos. “Criamos um mercado que não existia”, reforça. (Com agências)
NOS AVIÕES
A Associação Internacional do Transporte ! Aéreo (Iata) indicou ontem que deve aprovar a utilização de biocombustíveis em voos comerciais em 2010, para tentar reduzir as emissões de dióxido de carbono da indústria. O chefe de iniciativas ambientais da Iata, Paul Steele, afirmou que o biocombustível receberia a certificação necessária para ser utilizado em voos comerciais no final do próximo ano.