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Estiagem reduz safra de cana na Paraíba em até 20%

A sanção da lei que garante participação mínima de 60% nas receitas de comercialização dos CBios traz um alento para os produtores da Paraíba

José Inácio, presidente da Asplan
José Inácio, presidente da Asplan

A produção de cana-de-açúcar na Paraíba enfrenta uma forte queda nesta safra devido à estiagem prolongada, com uma redução estimada entre 15% e 20%.

Segundo o presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), José Inácio de Morais, a última chuva significativa ocorreu no final de julho, deixando os campos sem irrigação natural por mais de seis meses.

Na safra anterior, o estado produziu 7,5 milhões de toneladas de cana, mas a projeção atual indica que o volume não deve ultrapassar 7 milhões de toneladas.

“Estamos enfrentando um cenário muito desafiador, mas essa é uma oportunidade para buscarmos alternativas como a irrigação, que exige investimento e acesso a crédito”, destacou Morais.

Produtor da Paraíba ‘sofre com entraves burocráticos’

Contudo, produtores enfrentam dificuldades para obter financiamento, devido às elevadas taxas de juros. O Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que segundo Morais apresenta taxas menores, sofre com entraves burocráticos,

Morais também relata que a falta de incentivos financeiros agrava ainda mais a situação em um setor já impactado pela defasagem no preço do etanol, reflexo da política de controle de preços da gasolina pela Petrobras.

“Todos nossos insumos são dolarizados e com a intervenção estatal no preço da gasolina, nós somos prejudicados”, explica Morais.

Apesar das adversidades, a expectativa para a próxima safra é que as chuvas retornem a tempo de recuperar parte das perdas. Enquanto isso, associações do setor continuam buscando negociações para garantir melhores condições aos fornecedores.

Participação nas receitas do CBio

A Lei 15.082/24, sancionada recentemente, garante aos produtores de cana-de-açúcar destinada à produção de biocombustíveis uma participação mínima de 60% nas receitas provenientes da comercialização de créditos de descarbonização (CBios).

“A lei já se encontra em vigor e os produtores que tiverem dúvidas quanto aos procedimentos para o recebimento dos créditos devidos devem procurar a Associação”, explica Morais.

“Essa é uma vitória importante, mas ainda há muito a ser feito para superar os desafios climáticos e econômicos que enfrentamos”, concluiu o presidente da Asplan.