Os produtores de leite têm sido os mais prejudicados pela seca provocada pela estiagem de mais de um mês no estado do Rio. A falta de pastagem para garantir alimentação do gado e a seca nos rios exigem do produtor um gasto maior com ração e bebedouros.
Na região Sul Fluminense, o preço do leite teve alta de 32,5% este mês, em relação a julho do ano passado, para R$ 0,53. Ainda assim, segundo produtores, o aumento no preço não equilibra a queda da produção.
“Os custos dos produtores nesta época do ano são muito altos e não são totalmente repassados para o consumidor”, explica Carlos Alberto Ribeiro, representante da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio (Emater-Rio) em Vassouras. “A cada ano percebemos que a seca está mais acentuada”, diz.
De acordo com Ribeiro, a queda na produção de leite gira em torno de 30% nessa época do ano. Em contrapartida, o preço sobe na mesma proporção. “No ano passado, o preço do litro do leite não sofreu tanto impacto porque o governo liberou a importação do produto, o que fez com que sobrasse leite aqui e o prejuízo dos produtores fosse maior”, conta o representante da Emater-Rio.
A região Sul Fluminense pode ter outro produto afetado se a escassez de chuva se prolongar até outubro. O tomate, que está em fase de colheita, terá o plantio prejudicado se a terra não for umedecida.
Os produtores de leite do Norte do Rio também esperam ansiosamente por chuvas em agosto e setembro. Caso contrário, a situação chegará ao “caos”. “No ano passado, tivemos uma situação inversa, com chuvas intensas”, diz Luiz Carlos Guimarães, da regional da Emater.
Segundo Ribeiro, o único produto beneficiado pela estiagem no Norte do estado é a cana-de-açúcar, que precisa de um período sem chuvas para produzir a sacarose. O impacto positivo, porém, só será sentido em 2007. É que a produção de 2006 foi afetada pelas chuvas de dezembro, e a colheita, que deveria chegar ao último mês do ano, não deve passar de outubro.