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Estiagem já prejudica a navegação no Pantanal

O baixo nível do rio Paraguai, o mais importante formador do Pantanal, vem prejudicando a navegação na região, que registra um volume de águas inferior à média do pior período de seca já vivido no ecossistema.

O nível baixou mais um centímetro e, ontem, a marcação na régua na cidade de Ladário (MS) estava em 94 centímetros. A média na chamada “grande seca”, entre os anos de 1964 e 1973, foi de 96 centímetros. O pior índice da história do rio Paraguai foi de 61 centímetros -a régua não toca o fundo do rio.

A redução da profundidade, que se aproxima da grande baixa ocorrida há quatro anos, já causa prejuízos para a navegação, inclusive comercial. De acordo com o diretor da Cinco & Bacia (Companhia Interamericana de Navegação e Comércio), Michel Chaim, as embarcações estão navegando com uma diminuição média de 30% a 40% em seu volume de carga para evitar que fiquem encalhadas nos trechos mais rasos do rio Paraguai.

“Isso induz a prejuízos irreversíveis para a empresa. E para o usuário também, que terá seu escoamento de exportação comprometido”, declarou Chaim.

A empresa, uma das maiores entre as que operam na hidrovia Paraguai-Paraná, não tinha ontem uma estimativa dos prejuízos. Chaim afirmou que uma viagem que duraria 15 dias, de Corumbá (MS) a San Lorenzo (Argentina), de um comboio com carga de 25 mil toneladas, atualmente dura 20 dias, mesmo com a redução para 15 mil toneladas.

O diretor também critica a “má sinalização” do rio. “O fato agravante é que o rio não está totalmente sinalizado e balizado, tem muitos passos de areia que não são dragados e isso tudo dificulta muito a navegação.”

Menos chuva

O atual nível é o segundo mais baixo dos últimos 32 anos, quando terminou o ciclo de grande seca no Pantanal. Em 2001, o curso d água chegou a 90 centímetros.

A redução, segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), é conseqüência da diminuição das chuvas nos últimos anos no alto Paraguai.

O rio compõe a hidrovia Paraguai-Paraná, muito utilizada na porção brasileira para o escoamento e a exportação de açúcar, soja e minério de ferro.

Com 3.442 km, a hidrovia corta metade da América do Sul e serve, além do Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. Ela começa no município de Cáceres (MT) e vai até Nova Palmira (Uruguai).