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Estado estimula pequenos produtores

Grande produtor de oleaginosas, como a mamona e o dendê, o Estado da Bahia tem sido alvo de interesse de vários projetos para a produção de biocombustíveis. A Brasil Ecodiesel, por exemplo, investiu R$ 33 milhões e já iniciou a operação do primeiro empreendimento industrial para a produção de 120 milhões de litros de biodiesel por ano, na cidade de Itaquera, a 464 quilômetros de Salvadora. “A Bahia é um celeiro de bioenergia e muitos projetos estão chegando”, diz o secretário estadual de Indústria e Comércio, Rafael Amoedo.

Mas a questão que começa a ser discutida na Bahia é como inserir a agricultura familiar e os pequenos produtores na cadeia produtiva dos biocombustíveis. A preocupação motivou o Sebrae, a Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a promoverem, na próxima sexta-feira, o seminário “Agroenergia e o Desenvolvimento Includente e Sustentável”.

Na palestra de abertura, o sociólogo e economista Ignacy Sachs, professor da Escola dos Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, abordará os desafios da integração dos agricultores familiares e dos empreendedores de pequeno porte na produção de biocombustíveis.

Alternativa vantajosa aos combustíveis fósseis derivados de petróleo, que são finitos e poluidores, os biocombustíveis, de fontes renováveis e naturais, como cana, mamona, dendê, girassol, soja, pinhão manso, entre outros, além de favorecer o meio ambiente podem contribuir bastante para o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar e a inclusão social de milhões de pequenos produtores. Para o superintendente do Sebrae Bahia, Edival Passos, é muito importante o viés social dessa nova fonte de energia.

Na avaliação de Passos, um dos grandes desafios é ampliar a participação dos pequenos produtores na cadeia produtiva dos biocombustíveis. “Não basta o pequeno fornecer apenas a matéria-prima”, diz. Segundo ele, a agricultura familiar deve desempenhar uma função com maior valor agregado na emergente produção de biocombustíveis: “Por que não produzir o óleo vegetal em pequenas unidades de extração num regime de cooperativa e, assim, ter melhor remuneração com a atividade?”.

A fim de que os pequenos produtores não sejam apenas meros fornecedores de matéria-prima, Passos anuncia que o Sebrae pretende estimular o associativismo e a criação de cooperativas para a produção do óleo vegetal em pequenas usinas para posteriormente ser comercializado às fábricas de biocombustíveis. “Precisamos fortalecer a agricultura familiar, agregando valor à atividade.”

Uma das palestras do seminário será justamente sobre “A nova dimensão da agricultura familiar no governo da Bahia e sua participação na produção de biocombustíveis”. O palestrante será o titular da recém-criada Superintendência de Agricultura Familiar, Ailton Florêncio. O novo órgão é vinculado à Seagri e é um exemplo do novo olhar do governo estadual sobre a questão.