Mercado

Especialista quer produção descentralizada

O Brasil é atualmente o único país do mundo que pode ser usado como exemplo de sucesso na produção em grande escala de combustíveis renováveis. A declaração é do coordenador da Agência de Energia Internacional, o norte-americano Rick Sellers, que ministrou palestra sobre o futuro dos biocombustíveis, no primeiro dia do Simtec 2005 (Simpósio e Mostra Internacional da Agroindústria Sucroalcooleira). Aberto oficialmente na tarde de ontem, no Engenho Central, com a presença de especialistas do setor e de autoridades, como o secretário estadual de Agricultura, Duarte Nogueira, o evento prossegue até sexta-feira.

Apesar da boa avaliação, Sellers defende a descentralização de mercado, ou seja, a produção em larga escala dos biocombustíveis em diversos países do mundo. “Essa produção em diferentes nações é necessária para evitar que o poder e a tecnologia fiquem dentro de um oligopólio. O Brasil pode liderar o setor, mas pode vender tecnologia e experiências para a produção do etanol e de demais combustíveis renováveis”, disse.

A Agência de Energia Internacional, com sede na França, conta com membros em 26 países, sendo comprometida com o desenvolvimento e pesquisa de energias renováveis em todo o mundo. A entidade, segundo Sellers, tem a política de compartilhar suas informações e cooperar com o desenvolvimento de programas de energia renovável.

Apesar de o Brasil ser um grande produtor do etanol, o coordenador da agência destaca a necessidade de aplicar esforços e recursos para ganhar definitivamente o mercado mundial. “É preciso expandir e ampliar as regiões produtoras de cana-de-açúcar e de outras matérias-primas para a produção de biocombustíveis. Além disso, o biodiesel não pode ser pensado apenas para ser adicionado ao diesel de petróleo.”

A mesma opinião é compartilhada por Duarte Nogueira, que veio para abrir o Simtec. “O setor sucroalcooleiro é responsável por 28% dos recursos do Estado. Para 2010, mais da metade da frota de veículos no país será movida à álcool. Para isso, deve-se aumentar a produtividade da cana-de-açúcar (matéria-prima), para aumentar a produção do combustível”, declarou.

Dentro dessa filosofia, Nogueira aproveitou para anunciar que o CTC (Centro Tecnológico Canavieiro), localizado em Piracicaba, vai lançar, até o final de 2005, quatro novas variedades de cana-de-açúcar. “Nos últimos dois anos, foram 13 variedades lançadas pelo centro. Pode-se destacar o maior teor de sacarose e a resistência à pragas como maiores características dessas novas plantas”.

Segundo o secretário, o Estado de São Paulo investe pesado na ampliação das pesquisas do agronegócio. Durante seu discurso no Simtec, ele falou sobre a contratação de novos pesquisadores nos 15 pólos de pesquisa espalhados pelo Estado. Em Piracicaba, o número de pesquisadores vai dobrar, pular de seis para 13. “Em todo o Estado foram contratados 382 pesquisadores”, informou.