O ativista e sociólogo suíço Jean Ziegler, relator especial das Nações Unidas para o direito à alimentação, condenou o uso de biocombustíveis, em especial o etanol, em discurso realizado no fim de semana na sede da ONU, em Nova York. De acordo com ele, o uso crescente de produtos agrícolas para a produção de combustíveis alternativos ao petróleo é um “crime contra a humanidade”, pois espalhará mais fome pelo planeta.
Famoso pelas posições radicais, o ativista contratado pela ONU tentava chamar atenção para uma causa já defendida pelos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e de Cuba, Fidel Castro. De acordo com ele, usar produtos como milho (matéria prima do etanol americano) e açúcar (base do etanol brasileiro) como combustíveis é uma receita para o desastre, que consome terra fértil para produzir combustível que será queimado.
O relator especial da ONU defendeu que a organização declare uma proibição de cinco anos ao uso desse tipo de combustível. Nesse período, diz ele, seria possível encontrar uma forma de usar restos dos produtos agrícolas — como o miolo das espigas de milho e as cascas de banana — para produzir combustível. Na semana passada, o FMI já havia alertado contra o impacto dos biocombustíveis para a fome no resto do mundo.