A política brasileira de biocombustíveis conta com o apoio e a colaboração da Espanha, declarou na terça-feira, em Brasília, o ministro espanhol de Assuntos Exteriores, Miguel Moratinos.
“Há investimentos de empresas espanholas no setor [de biocombustíveis no Brasil]. O Brasil produz um ´etanol bom´ e, neste sentido, é singular”, assegurou o ministro, concordando com a metáfora feita pelo chanceler brasileiro Celso Amorim.
“Há o colesterol ruim e o colesterol bom. E há o etanol ruim e o etanol bom. O colesterol ruim mata e o colesterol bom cura. É a mesma coisa com o etanol. E o do Brasil é bom”, comparou Celso Amorim.
O ministro brasileiro fazia referência ao fato do etanol brasileiro ser produzido a partir da cana-de-açúcar – e não do milho, como nos Estados Unidos.
As plantações de cana-de-açúcar no Brasil destinadas à produção de etanol ocupam apenas 1% do total de área cultivável – 3,6 milhões de hectares de um total de 355 milhões -, sendo suficiente para abastecer metade do consumo de combustível dos automóveis.
As críticas aos biocombustíveis se devem à utilização de culturas tradicionais para a produção, como milho e trigo, e de vastas áreas cultiváveis, causando um aumento sem precedentes no preço dos alimentos.
Moratinos e Amorim disseram que não conversaram diretamente sobre a questão dos biocombustíveis, mas o tema está vinculado a outro que abordaram – a conclusão do acordo Mercosul – União Européia.
As negociações deste acordo estão suspensas desde 2004 e não avançam pela falta de conclusão da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Na altura em que as negociações foram paralisadas, o acordo previa uma “cota grande”, segundo Amorim, para a entrada do etanol brasileiro na Europa.