São os efeitos benéficos do álcool. No recém-lançado livro “O tema quente” (Ed. Objetiva), escrito em parceria com o cientista David King, a escritora e ambientalista inglesa Gabrielle Walker faz repetidos elogios ao Brasil por seu pioneirismo na área dos biocombustíveis.
Mas alguns dias de visita ao país, divulgando o livro na Flip e conversando com cientistas locais, fizeram com que ela transformasse os elogios em paixão explícita.
— Sinceramente, o Brasil pode salvar o mundo — exclama Gabrielle, que visitou ontem uma usina de biodiesel na UFRJ antes de embarcar à noite de volta para Londres. — Durante essa breve viagem, fiquei convencida de que o Brasil vai realmente ter um papel fundamental na luta contra as mudanças climáticas. Achei incrível ver uma fila de motoristas nos postos esperando para abastecer seus carros com álcool. Isso mostra que essa é uma alternativa viável e capaz de funcionar em larga escala. Os brasileiros estão fazendo uma coisa que é única no mundo.
Gabrielle lembra, porém, que o desenvolvimento dessa área não pode ser feito às custas do desmatamento.
— O corte da floresta é o demônio da produção de biocombustíveis — ressalta ela.
— Ele pode contribuir de tal forma para o aquecimento global que é capaz de desequilibrar os seus inúmeros benefícios ambientais.
Medidas urgentes acima de discussões políticas No livro — cujo subtítulo é “Como combater o aquecimento global e manter as luzes acesas” — , Gabrielle e King analisam, entre outras coisas, o impasse político em torno do tema, que se reflete na atual reunião do G8, no Japão, na qual as mudanças climáticas, mais uma vez, têm concentrado as discussões.
— É um debate que não vai a lugar algum enquanto os países ricos e os emergentes não aceitarem o fato de que todos, de uma forma ou outra, têm que agir imediatamente contra o aquecimento global — diz a escritora. — Não temos mais o luxo de adiar essas decisões.
É agora ou nunca.