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Escola cria tecnologia para produzir álcool

A Universidade de Caxias do Sul (UCS) desenvolveu uma tecnologia para a produção de etanol a partir de biomassa (cana-de-açúcar, bagaço e outras fontes) e juntamente com uma empresa da área de biotecnologia está em tratativas de negociações para comercialização da patente com um grupo privado nacional. Os nomes estão sendo mantidos em sigilo em função de cláusulas de confidencialidade firmada entre as partes.

“Infelizmente, não posso adiantar nada”, disse a este jornal a diretora do Escritório de Transferência de Tecnologia da UCS, Rejane Rech, sem dar mais informações. “Fomos procurados por uma empresa de biotecnologia que acabou desenvolvendo uma parte do processo e agora estamos na fase de apresentação da tecnologia”, deixa escapar. Ela acredita que até o final do primeiro semestre deste ano terá definição.

Saldo em 10 anos – Dez anos após a criação do Escritório de Transferência de Tecnologia (ETT) para apoiar e gerenciar a relação dos pesquisadores envolvidos em projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação junto com o setor produtivo, a UCS já contabiliza 24 patentes depositadas – de diferentes áreas – sendo dez delas efetuadas no ano passado.

“Estamos em processo de depósito de mais cinco patentes até o final deste trimestre”, adianta a diretora. Rejane Rech destaca que a UCS detém a titularidade de 18 das 24 patentes, outras quatro são em regime de co-titularidade com empresas e duas em co-titularidade. As patentes que têm titularidade dividida foram geradas através de parcerias em P&D. “Importante é que das 24 patentes, 13 são provenientes de pesquisadores ligados ao Instituto de Biotecnologia e ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia”, ressalta, lembrando que sete são patentes da área de materiais, de pesquisadores ligados ao Centro de Ciências Exatas e Tecnologia (CCET) – e ao Programa de Pós-Graduação em Materiais, e quatro patentes são de áreas diversas.

“Desde o ano passado os pesquisadores podem receber parte dos ganhos econômicos advindos de transferência de tecnologia, pois há decisão do Conselho Universitário da Instituição neste sentido. A UCS tem patentes inclusive geradas por alunos, como aquela chamada de Revestencaixe, que é um revestimento encaixável para ambientes domiciliares e industriais. Este produto foi gerado por alunos da escola técnica da UCS”, salienta a coordenadora. Outra patente é a Laserterapia, desenvolvida em dobradinha com a Universidade de São Paulo (USP). Trata-se de um equipamento e de um processo que, através da aplicação de laser de baixa potência, permite o retardamento da fadiga muscular e um aumento da resistência à fadiga. “Estamos tentando comercializar com um clube de futebol bem conhecido, mas também não posso revelar o nome”, lamenta a diretora. Informa apenas que as lesões musculares serão recuperadas em tempo menor. “Ela pode ser aplicada para jogadores, atletas que praticam outras atividades e para qualquer pessoa”.

Patente no agronegócio – Uma recente patente da UCS trata de uma mistura polimérica que pode ser processada através de processo de injeção e é biodegradável. A vantagem é a liberação de frações orgânicas no solo, atuando como adubo de liberação gradual. Esta tecnologia já está sendo testada para diversas aplicações em agronegócios por uma empresa incubada na Incubadora Tecnológica de Caxias do Sul.

Em parceria com o grupo SETA, da cidade de Montenegro, a UCS tem duas patentes. Uma para uso como inseticida para larvas de mosquitos e outra para exterminar cupins. “São composições aquosas e não tóxicas baseadas em extratos vegetais e já estão em processo de aprovação dos órgãos governamentais para liberação e comercialização”, diz a diretora da ETT.

Outras duas patentes estão relacionadas à produção de acrílico PMMA (polimetil metaacrilato). Uma permite que através do uso de aditivos, o acrílico possa ser trabalhado a frio para obtenção de chapas dobráveis que não apresentem trincas e rachaduras. O outro processo envolve a produção de acrílico por um processo diferente do convencional, mais rápido e a frio, que permite grande economia de tempo e energia.