Estudo que será apresentado durante o XX Congresso Pan-americano de Engenharia Naval, Transporte Marítimo e Engenharia Portuária (COPINAVAL), que será realizado em São Paulo, de 22 e 26 de outubro, mostra que o escoamento da produção paulista, hoje feito por transporte rodoviário, poderia ser oito vezes mais barato se fosse por comboios fluviais pela hidrovia Tietê-Paraná.
O Brasil produz cerca de 17 bilhões de litros por safra, sendo que o Estado de São Paulo é responsável pela produção de 10 bilhões.
O estudo comparou os impactos econômico (valor do frete) e ambiental (esgotamento de combustíveis fósseis, aquecimento local e global, eutrofização da água e poluição do ar) na operação de comboios fluviais pela hidrovia Tietê-Paraná com uma frota de caminhões-tanques em rotas correlatas. “O resultado mostra que o valor anual do frete dos caminhões-tanque é oito vezes maior que o comboio fluvial. Já o impacto ambiental é três vezes maior”, afirma o autor do estudo, o engenheiro Newton Narciso Pereira, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP).
Para tornar o transporte fluvial viável, o trabalho de Pereira indica a necessidade de quatro rotas, em que seriam instalados terminais distribuidores: um em São Simão (GO) e os demais nas cidades paulistas de Presidente Epitácio, Araçatuba, Jaú. Essas rotas terminariam em um terminal receptor localizado em Conchas (SP), de onde o álcool seria transportado por duto até a refinaria de Paulínia (SP), e de lá para os portos de São Sebastião (SP) ou Ilha Grande (RJ). “Essas rotas estão localizadas nas regiões de maior produtividade de álcool e com fácil acesso à hidrovia”, explica Pereira.
Para chegar à conclusão de que o transporte fluvial é muito mais barato que o rodoviário, Pereira levou em consideração todos os custos envolvidos na operação para cada rota (veículos, capital, seguro, tripulação, manutenção e reparo, administração, combustível e lubrificante, uso da via, porto e terminal). No rodoviário, também considerou o número de caminhões-tanque necessários para levar a mesma quantidade de álcool que o comboio de navios. Já com relação ao meio ambiente, o pesquisador contabilizou todos os impactos gerados pela queima de combustível fóssil e, em seguida, quantificou os valores dessas substâncias para cada modal nas diferentes rotas.