O novo corte nos preços de combustíveis nas refinarias, anunciado pela Petrobras na noite de terça-feira, deve ter reflexo limitado sobre as cotações do etanol hidratado, cujos valores devem continuar se pautando pela oferta – que tende a ficar mais apertada nos próximos meses de entressafra. “Isso já está absorvido pelo mercado. A Petrobras vai seguir o mercado mundial, o que é positivo e dá transparência”, afirmou Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer Consulting, consultoria especializada em commodities.
A estatal cortou em 10,4% o valor do diesel e em 3,1% o da gasolina, ambos nas refinarias. A companhia informou que, se o ajuste definido for integralmente repassado ao consumidor final – o que não aconteceu quando um primeiro corte de preços foi efetuado, em outubro –, o diesel pode cair 6,6%, cerca de R$ 0,20 por litro. No caso da gasolina, concorrente direto do etanol hidratado, a diminuição no preço final pode ser de 1,3%, ou R$ 0,05 por litro.
Apesar das reduções anunciadas pela Petrobras, tanto em outubro quanto agora, a tendência para os preços do etanol ainda é de alta. Na BM&Bovespa, os futuros apontam cotações até 21% maiores durante a entressafra (janeiro a março) ante igual período do ano passado, segundo monitoramento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
As cotações do etanol hidratado já estão firmes neste segundo semestre em virtude da menor produção, seja por causa das adversidades climáticas, seja pela preferência das usinas pelo açúcar, mais remunerador.
Conforme relatório da União da Indústria de Cana (Unica), na parcial da temporada, iniciada em abril, até outubro, a fabricação de etanol hidratado somava 12,3 bilhões de litros, 9% menos na comparação anual. Na semana passada, o álcool encareceu nos postos em 19 Estados e no Distrito Federal, conforme a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Seguindo o mercado. A nova política de definição de preços da Petrobras prevê revisões ao menos uma vez por mês pelo comitê formado pelo presidente, Pedro Parente, o diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino Ramos, e o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Ivan Monteiro. Em outubro, a empresa já havia reduzido os preços do diesel e da gasolina nas refinarias em 2,7% e 3,2%, respectivamente.
Gasolina pode cair ainda mais
Rio de Janeiro. A Petrobras voltará a reduzir os preços da gasolina e do óleo diesel se as cotações internacionais continuarem em queda, como ocorreu desde a última revisão de preços, em outubro, segundo o diretor de Refino e Gás Natural da estatal, Jorge Celestino.
Ele ressalta que, ao decidir sobre preços internos, a empresa considera o mercado externo, que pode favorecer importadores, e também a utilização da sua capacidade de refino. “Vamos ter preços alinhados com os do mercado internacional. Temos, estamos praticando e teremos preços alinhados”, afirmou.