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Entraves e avanços do programa de biodiesel no Ceará

Em 1980, o professor cearense Expedito Parente requereu a primeira patente mundial do biodiesel. Apesar desse pioneirismo, o combustível ainda tem uma baixa produção local na comparação com outros estados. No ranking nacional dos 15 produtores, o Ceará ocupa apenas o oitavo lugar com 69,2 milhões de litros no ano passado, sem contabilizar o volume de dezembro.

A diferença para o líder, Mato Grosso do Sul, é de 674%. O Estado atingiu um patamar de 536,66 milhões de litros em 2010. Os números são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Outros estados com produção superior ao Ceará são o Rio Grande do Sul, com 524,6 milhões de litros, Goiás (371,2 milhões), São Paulo (296,4 milhões), Bahia (94,3 milhões), Tocantins (83,3 milhões) e Minas Gerais (73,8 milhões).

O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) ainda precisa ser implementado, segundo o professor Antonio Roberto Menescal de Macêdo, coordenador do curso de especialização em petróleo, gás e biocombustíveis da Universidade de Fortaleza (Unifor).

Segundo o professor, a produção de oleaginosas para o combustível precisa ser melhor organizada. Ele recomenda que também é necessário continuar a investir no

plantio de mamona por causa de sua qualidade e da possibilidade de produção na agricultura familiar.

Segundo o professor Expedito Parente, falta vontade política para investir no biodiesel. “O pré-sal é uma grande descoberta, mas não significa que anule as outras”, detalhou. Ele lembrou que na década de 1980, o combustível não foi implementado porque o álcool era visto como a solução para o fim da importa ção de petróleo.

Apenas em 2004, já no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi desenvolvido um programa nacional para o biodiesel. Para o programa, segundo o professor Parente, foram pensadas duas missões principais. A primeira era ambiental. Já a segunda era a de que o programa procurasse “gerar emprego e renda no campo”. “Era inclusão social. O programa tinha uma função social”. (TF)

E agora

ENTENDA A NOTÍCIA

O Ceará vai precisar implementar sua produção para alcançar os demais estados produtores. Como criador da tecnologia, o Estado deveria estar bem mais avançado na comparação com outros

SAIBA MAIS

O PROÁLCOOL foi um programa bem-sucedido de substituição em larga escala dos derivados de petróleo. Foi desenvolvido para evitar o aumento da dependência externa de divisas quando houve os primeiros choques de preço de petróleo. De 1975 a 2000, foram produzidos cerca de 5,6 milhões de veículos a álcool hidratado. O programa substit uiu por uma fração de álcool anidro (entre 1,1% a 25%) um volume de gasolina pura consumida por uma frota superior a 10 milhões de veículos a gasolina. Foi evitada também a importação de aproximadamente 550 milhões de barris de petróleo e, ainda, uma economia de divisas da ordem de US$ 11,5 bilhões.

O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) é um programa do Governo Federal, criado em 2004, que pretende implementar de forma sustentável, tanto técnica, como economicamente, a produção e uso do biodiesel. No começo do ano passado, passou a ser obrigatória a inclusão de 5% de biodiesel em todo o diesel utilizado nas bombas de combustível. O PNPB chegou a 2 milhões de litros já em 2008.