O diretor-presidente da Unica (União da Agroindústria Canavieira), Antônio de Pádua Rodrigues, informou hoje que o preço do álcool hidratado vendido pode ter novos aumentos para o consumidor, apesar da cotação estável ou queda do preço nas destilarias – pelo acordo firmado entre governo e usineiros para manter o valor do combustível em R$ 1,05.
Em entrevista à Agência Estado, Rodrigues disse que a explicação para essa alta seria o estoque das distribuidoras montado em dezembro, antes dos governos federal e estaduais adotarem medidas para tentar acabar com fraudes no combustível.
A Unica estima que as distribuidoras tenham comprado até 90 milhões de litros de álcool acima do previsto – gerando uma demanda preliminar nas usinas de 1,35 bilhão de litros (volume 27% maior do que os 1,06 bilhão de litros vendidos em dezembro de 2004).
A entidade estimava que a demanda cresceria cerca de 200 milhões de litros, mas, com o aumento da frota de carros bicombustíveis, “as distribuidoras compraram muito. Por isso o tiroteio vai continuar por algum tempo ainda, com preços podendo subir nas bombas, mas estáveis nas usinas”, afirmou.
Porém, a pesquisa do Cepea/Esalq (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), Heloisa Burnquist, informou que, desde a semana passada, o cenário é de desaceleração no preço do alcool nas usinas. “Poucos negócios estão sendo feitos e as distribuidoras que precisam continuam comprando o necessário”, afirmou. O preço médio do combustível, na última semana, caiu 1,38%.
No mesmo período, o álcool hidratado ficou 4,5% mais caros nos postos brasileiros – segundo pesquisa de preços da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), que apontou a média de R$ 1,724 para o combustível no Brasil, contra R$ 1,650 na semana anterior. Em Campo Grande, o álcool é encontrado por até R$ 1,99 nas bombas.