Com uma parceria que teve início em maio desse ano, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e a New Holland desenvolveram um novo método para o enfardamento da palha de cana-de-açúcar. A ideia é adaptar as enfardadoras, o arador e a carreta de fardo às condições da palha de cana-de-açúcar para gerar energia elétrica e, consequentemente, mais lucro para o produtor. Segundo o pesquisador do CTC Marcelo Pierossi, a opção de recolher palha de cana-de-açúcar tem se mostrado viável, nos últimos anos, devido ao aumento da quantidade de palha disponível, em função da mecanização da lavoura canavieira. Para ele, o recolhimento através do enfardamento é uma das duas opções para esse transporte da palha do campo para a indústria. A outra op ção seria transportar a palha junto com a cana-de-açúcar.
A palha enfardada consiste no recolhimento da palha, cerca de dez dias após a colheita, ou seja, existe um tempo para a palha secar e ficar, do ponto de vista energético, mais concentrada. Depois disso, realiza-se o areamento dessa palha, seguido do enfardamento em fardos retangulares grandes, entre 450 kg e 470 kg, e transporte para a usina — explica.
Pierossi diz que a palha enfardada é utilizada como combustível para ser adicionado ao bagaço, aumentando a quantidade de energia disponível nas usinas, ou seja, ela é queimada na caldeira de bagaço para a geração de vapor e energia elétrica. De acordo com ele, essa tecnologia viabiliza o recolhimento da palha, mas não totalmente.
A quantidade de palha a ser removida dos canaviais varia em função das características de clima e solo de cada área. Então, não existe uma fórmula para se determinar a quantidade de palha, de forma geral, para o Brasil. Isso de pende da recomendação agronômica. Os valores médios que temos em canaviais giram em torno de 12 a 15 toneladas de palha por hectare. A ideia é sempre trabalhar em conjunto com a agronomia para determinar, para cada situação, qual a quantidade de palha a ser recolhida sem causar prejuízos à agricultura — afirma.
O pesquisador diz ainda que essa palha recolhida se transformará em energia e, consequentemente, em uma possibilidade de renda a mais para o produtor e para a usina. Já em relação aos cuidados, Pierossi diz que é necessário utilizar equipamentos adequados, considerar o pisoteio do canavial para não danificar as soqueiras já existentes, utilizar um equipamento que não remova essas soqueiras do solo e pensar na escala de produção.
Deve-se pensar na escala de produção porque os equipamentos requerem certa escala. Deve-se também compatibilizar o transporte e a recepção na área onde isso será processado, ou seja, a indústria, que vai pegar o fardo, desenfardar e pic ar para queimar junto com o bagaço — explica.
Ele afirma que esse sistema tem como principal objetivo viabilizar economicamente o recolhimento da palha para que essa palha, que hoje fica disponível na terra, seja utilizada de forma inteligente para a geração de energia elétrica, sempre pesando nos aspectos agronômicos e respeitando a planta e o solo.
O equipamento já está disponível para a comercialização através das concessionárias New Holland. Para mais informações, basta entrar em contato com o CTC através do número (19) 3429-8199.