A prosperidade ronda o interior do Brasil com a expectativa de que a demanda pelos biocombustíveis aumente no mundo e nos transformemos em fortes produtores e fornecedores da energia limpa e renovável que vem do campo. A região que se configura como nova e última fronteira agrícola e industrial dos biocombustíveis, e que começa no Triângulo Mineiro e se estende pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Pará e Maranhão, já convive com os reflexos de viver em um país que passa pelo momento limite entre a grande oportunidade e o desafio extremo de não perdê-la com organização e razoabilidade ética, econômica, ambiental e social.
O Rio Grande do Sul também se engaja nesta nova onda de desenvolvimento e vai montando suas plantas de biocombustível. Atualmente, já são sete as usinas gaúchas de biodiesel a se instalarem e instaladas nas cidades de Veranópolis, Rosário do Sul, Passo Fundo, Cachoeira do Sul, Nova Santa Rita, Frederico Westphalen e Cruz Alta.
Em Brasília, o gaúcho Ronaldo Knack, que há dois anos promove a Enerbio, programa de seis eventos simultâneos voltados a discutir a cadeia produtiva dos biocombustíveis, corre esta semana para reprogramar a 2ª Enerbio, que terá início no dia 9 de outubro. Os números do biocombustível são grandiosos. Este ano, a colheita da cana será recorde: 491 milhões de toneladas. As 357 usinas em atividade no País produzirão 20,5 bilhões de litros de etanol, montante superior em três bilhões ao registrado em 2006.
Há, contudo, entraves ao desenvolvimento do setor. Entre esses, os investimentos em pesquisa, a legislação relacionada aos investimentos estrangeiros, a comercialização da produção dos pequenos produtores, a logística de distribuição – uma vez que as estradas estão em estado precário e isso acarreta custo ao produto final. Também é necessário rever a capacitação da mão-de-obra para o setor, a fim de garantir que a mecanização que avança no campo eleve as condições de remuneração do trabalhador brasileiro. É preciso ver o que devemos fazer para crescer e não para manter o atraso. Nessa discussão, há parte de responsabilidade da iniciativa privada e parte que é da cota do Estado para assegurar a liderança do Brasil neste cenário. E o encontro a se realizar em Brasília é exatamente para que seja aprofundado o debate em torno do assunto.
Terrenos da Marinha
O deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, discutirá hoje o projeto do qual ele é relator. Trata-se do debate sobre a lei que modifica a definição dos terrenos de Marinha para adaptá-la à intensa ocupação demográfica ocorrida no litoral brasileiro. Atualmente, a definição desses terrenos é feita a partir da posição da linha das áreas inundadas pela maré alta de 1831. O projeto modifica o ano-base para 2007, com atualização bienal. Com a nova demarcação, diversas faixas de terra serão liberadas e desvinculadas da condição de terrenos de Marinha. A lei autorizará a transferência definitiva dessas terras aos atuais ocupantes regulares.
CURTAS
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) confirma que continuará a obstruir as votações da CPMF com todos os recursos regimentais possíveis. A idéia é atrasar ao máximo a votação na Câmara dos Deputados.
Arlindo Paludo, presidente da Vipal, acredita que, em breve, surgirão problemas com a invasão dos produtos chineses. “Teremos graves conseqüências em nossa economia, com o crescimento do desemprego e o fechamento das indústrias”, alerta no livro “China, ameaça ou oportunidade”.