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Energia e turismo lideram no BNB

O movimento em torno de novos projetos nos setores de energia, turismo, agronegócio e comunicação, além da expansão da indústria de transformação, impulsionou a demanda por crédito no Banco do Nordeste do Brasil (BNB), que cresceu 216% nas operações pessoa jurídica. Ano passado, de um volume global de R$ 4,53 bilhões em todas as linhas, R$ 2,328 bilhões foram aplicados em 2.624 financiamentos de longo prazo. O montante corresponde a mais de três vezes o desembolsado em 2003, que alcançou R$ 736 milhões e aumento de 50% na quantidade de operações (1.749), no período.

Somente no primeiro trimestre, foram R$ 328,5 milhões aplicados em 804 projetos de longo prazo, em empresas da área de atuação do banco: Nordeste, norte de Minas Gerais e do Espírito Santo. Um crescimento de 93,8% em relação a mesmo período de 2004, que atingiu R$ 169,5 milhões, e de 87,8% em relação ao número de operações contratadas (428).

“Transitam no banco, hoje, cerca de R$ 2 bilhões em propostas de financiamentos no longo prazo, em diferentes fases de avaliação”, diz o diretor de Negócios do BNB, Assis Arruda. Esse número pode chegar a R$ 2,5 bilhões até o final do exercício, devido ao aumento da demanda no segundo semestre. Os projetos turísticos, boa parte de empresários estrangeiros interessados em investir no Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia, representam entre 5% e 10% da demanda. A maior concentração de recursos fica com os setores de energia, indústria de transformação e comunicações, com 30% a 35% do total.

O banco tem prospectado cerca R$ 4 bilhões, correspondentes a 15 projetos nas áreas de energias renováveis, distribuição e transmissão, acrescenta o superintendente da área de atração de investimentos, Francisco Rabelo. Dessa soma, cerca de 10% será destinada para indústrias produtoras de peças, equipamentos e máquinas.

As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) ficam com algo em torno de 10%, enquanto os projetos de eólica sinalizam, num primeiro momento, para recursos R$ 1,8 bilhão, cerca 45% do global. “O banco deverá participar com 50%, ou um pouco mais, dependendo das negociações”, informa Rabelo.

A maior disponibilidade de crédito faz parte estratégia do BNB de expandir a área comercial e fortalecer o desenvolvimento. A retomada, via recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), com juros mais competitivos, deu fôlego às ações do banco. As taxas para os tomadores desses recursos variam entre 6% e 14% ao ano, dependendo do porte do projeto e das garantias (sem indexador), além do bônus de adimplência de 25%, se o projeto instalado contemplar área do semi-árido e de 15%, nas demais.

Pequenas e médias empresas, preferencialmente as reunidas em torno de cadeias produtivas regionais, também podem se habilitar. O BNB tem pelo menos R$ 3 bilhões em recursos do fundo para aplicar este ano. “Mas tudo indica que vamos superar a projeção inicial”, diz Arruda. As demais linhas de crédito possuem condições diferenciadas, dependendo do porte da empresa, da fonte de recursos e da atividade financiada. O banco apóia ainda clientes de grande porte e pessoas jurídicas interessadas em investir em infra-estrutura na região.

No curto prazo, a oferta de recursos da linha Capital de Giro Insumos Conterrâneo, voltada inicialmente para a indústria e agroindústria, foi estendida ao comércio. O produto ganhou mais elasticidade, com financiamento alongado para 18 meses, até 6 meses de carência, e limite de financiamento de R$ 1,92 milhão para aquisição de insumos, matérias-primas e mercadorias para estoque. Os juros variam de 1,36% a 1,63% ao mês.