As matérias-primas agrícolas mantêm uma tendência de alta há vários meses, enquanto 900 milhões de pessoas estão passando fome.
São Paulo – A cogeração de energia elétrica por meio da queima de bagaço de cana no Brasil está sob pressão, em um cenário em que outras fontes de geração de energia, como a eólica, têm sido mais competitivas nos leilões do governo.
O Brasil, maior produtor global de açúcar e segundo de etanol, gera cerca de 140 milhões de toneladas de bagaço de cana todo ano, volume que pode alimentar unidades de geração de eletricidade acopladas às usinas.
A Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) estima que o setor poderia gerar até 2020 cerca de 15,3 mil megawatts (MW) de energia com a queima do bagaço, o equivalente a três usinas de Belo Monte e quase a necessidade total anual de um país como o Equador.
A cogeração nas usinas é considerada uma forma limpa de produção de eletricidade, já que o carbono liberado na queima do bagaço é basicamente compensado no desenvolvimento das lavouras, já que as plantas sequestram carbono da atmosfera.
O alerta da situação de desvantagem do setor sucroalcooleiro na área de energia surgiu em agosto último, quando projetos de bioeletricidade com bagaço ficaram com apenas 4 por cento do total da energia comercializada no leilão do governo.
Projetos alimentados com gás natural ficaram com 56 por cento, energia eólica com 27 por cento e hidrelétricas com 14 por cento. Para o próximo leilão, em 22 de março, apenas 23 projetos de geração com bagaço foram registrados para participar, ante 81 no leilão de agosto.
Críticas ao modelo
“A regra é comprar pelo menor preço, não importando as diferenças de custo dos projetos”, diz Silmar José de Souza, professor da Fundação Getúlio Vargas e especialista em bioeletricidade da Unica.