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Encontro prioriza questão energética

A Cúpula das Américas deverá privilegiar a discussão sobre a questão energética. Os EUA terão como um dos seus principais objetivos a ideia de difundir uma aliança energética com a América Latina onde o petróleo é uma riqueza cada vez maior, e o pré-sal brasileiro reforça essa tendência, assim como as fontes renováveis, em particular o etanol brasileiro.

O presidente Lula deveria aproveitar a reunião e defender os programas de energia limpa e, principalmente, o etanol brasileiro produzido a partir da cana-de-açúcar, que é o mais competitivo do mundo. O presidente deve chamar a atenção para o fato de que o mundo não pode repetir o erro cometido no último ciclo de preços baixos do petróleo que durou 12 anos (1986-1998), quando foram abandonados a maior parte dos programas de energia limpa substituta do petróleo.

Com isso, não queremos defender a ideia de que não vamos precis! ar mais das energias fósseis. Ao contrário, hoje somos 6,7 bilhões de pessoas no mundo. Até 2050 seremos mais de 9 bilhões, portanto, teremos a necessidade de gerar energia com todas as fontes. O desafio será gerar toda essa energia produzindo menos CO2 e consumindo com maior eficiência energética.

O presidente Lula pode mostrar a todos a posição privilegiada que possui o Brasil, no sentido de construir uma matriz energética diversificada. Temos água, terra e sol, isso nos dá a vantagem de sermos imbatíveis como produtores de etanol. Possuímos uma imensa costa totalmente propícia à produção de energia eólica. Temos ainda enormes reservas hídricas. Somos um país ensolarado prontos para desenvolver a energia solar. E com a descoberta da chamada camada pré-sal o Brasil vai se transformar em exportador de petróleo e gás natural.

O presidente Lula deveria mostrar o estudo da Embrapa que revela que o etanol de cana-de-açúcar emite menos 73% de CO2 do que a gasolina. O estudo analisou todas as etapas de produção dos dois combustíveis e mostrou enorme vantagem para o etanol. Segundo a Embrapa, o etanol proveniente de um hectare de cana é suficiente para substituir 4.500 litros de gasolina. A combustão dessa gasolina lança na atmosfera 16 toneladas de CO2. Sua substituição por etanol reduziria em 12 toneladas as emissões de CO2.

O presidente poderia aproveitar a oportunidade para anunciar a criação de um imposto no Brasil que penalize a gasolina e o diesel devido às suas externalidades ambientais negativas geradas pelo consumo desses dois derivados de petróleo.

Os grandes opositores a esse discurso de diversificação da matriz energética serão a Venezuela e a Bolívia, grandes produtores de petróleo e gás natural respectivamente. O discurso deles ressuscitará a velha e ultrapassada tese de que a produção de etanol em grande escala compete com a produção de alimentos. Isso é verdade para o etanol americano produzido a partir do milho e é! uma grande mentira para o etano brasileiro de cana-de-açúcar.