Mercado

Encontro da PB discute uso de EPI´s, toxicologia e agrotóxicos

É fundamental que o profissional que trabalha com agrotóxicos não apenas use os EPI’s, mas passe por um treinamento para utilizar de forma correta o equipamento, pois sabendo utilizá-lo o risco de absorção do produto químico pelo organismo é mínimo. A opinião é do Técnico de Segurança do Trabalho da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Natanael Leal Silva.

Ele participou junto com profissionais de Agronomia, Segurança e Saúde Ocupacional e Médicos do Trabalho das empresas ligadas ao setor sucroenergético local do I Encontro de Prevenção sobre toxicologia e agrotóxicos da Paraíba.

O evento, promovido pelo Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol/Álcool do Estado da Paraíba (Sindálcool), aconteceu nesta terça-feira (5/7), no auditório da Superintendência do Ministério do Trabalho e Emprego, na capital paraibana.

E essa mesma opinião foi reforçada por um dos maiores especialistas do país em prevenção de emergências ambientais, o Dr Ângelo Zanaga Trapé, que é professor da Unicamp e presidente da Associação Brasileira de Prevenção e Controle de Emergências Ambientais. O médico proferiu palestras pela manhã e à tarde sobre “Toxicologia dos Agrotóxicos”.

Segundo ele, se o trabalhador tem uma proteção adequada, dificilmente ele corre o risco de absorver o produto.

Para o especialista é fundamental que as escolas de Medicina e da área de saúde em geral do Brasil incluam em suas grades curriculares conhecimentos sobre Toxicologia. “Desde a década de 80, a Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp tem implementado algumas iniciativas que reforçam o estudo sobre toxicologia para seus alunos, mas, infelizmente, essa atividade não está situada dentro do currículo médico como deveria e o estudo da intoxicação ainda é muito falho na formação acadêmica dos profissionais de saúde”, reforça Ângelo Zanaga.

Em um texto distribuído aos participantes do Encontro, Zanaga explicou que os efeitos adversos causados pela exposição aos agrotóxicos variam dependendo do tipo de exposição, do tempo, do tipo do produto e da quantidade, reforçando, mais uma vez, que esses efeitos são minimamente reduzidos em função da tecnologia de aplicação e da tecnologia de proteção dos EPI’s.

Ainda de acordo com o texto, o Brasil tem uma população economicamente ativa envolvida em atividades agropecuárias estimada em 20 milhões de pessoas que têm contato direto e/ou indireto com os agrotóxicos.

O I Encontro de Prevenção sobre toxicologia e agrotóxicos da Paraíba também teve a participação do Engenheiro Agrônomo da Asplan, Vamberto Freitas Rocha que fez uma apresentação sobre a importância da produção de insumos biológicos da Estação de Camaratuba.

Na Estação, que é mantida pela Asplan, são produzidos insumos biológicos que possibilitam que os produtores de cana paraibanos controlem de forma natural a broca-comum (Diatraea spp.) e a cigarrinha da Folha (Mahanarva posticata), que são duas pragas que atacam canaviais e pastagens. “O controle biológico precisa de assiduidade e cada vez mais nossos produtores tomam consciência da importância dessa utilização”, afirmou Vamberto.

Ele destacou que em 2010, 27 mil hectares de cana na Paraíba foram tratados com Cotesia flavipes (Vespas) e que a Estação distribuiu 42 mil quilos de Metarhizium anisopliae (Fungos).

O encontro, que teve o objetivo de esclarecer dúvidas e demonstrar os procedimentos corretos de monitoramento da saúde dos trabalhadores na aplicação de agrotóxicos, contou ainda com a participação da bióloga do Ceatox do Hospital Universitário, Fátima Marques, que falou sobre a atuação do Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba que funciona 24h, durante os sete dias da semana, no atendimento a vítimas de aranhas, serpentes e escorpiões.

O evento também teve um momento de breve exposição sobre os diferenciais de alguns EPI’s e de um equipamento portátil que realiza exames que detectam intoxicação por agrotóxicos de forma mais rápida e prática. A abertura e encerramento do Encontro foram realizados pelo presidente executivo do Sindálcool, Edmundo Barbosa.