Mercado

Empresários se dizem otimistas com a economia

O sentimento geral dos empresários presentes na cerimônia de premiação do Fórum de Líderes Empresarias Gazeta Mercantil, realizada na noite de terça-feira em São Paulo, é de otimismo. “O Brasil tem hoje uma situação macroeconômica muito otimizada, com câmbio flutuante e relativamente estável, taxa de juros em queda, inflação sob controle e ligeira recuperação dos salários. Acho que isso deve conduzir a taxas de crescimento mais elevadas”, resumiu o presidente da Braskem, José Carlos Grubisich.

O executivo mostrou-se tranqüilo quanto à meta de superávit primário do País. “Não sinto nesse ano eleitoral nenhuma pressão adicional para que o governo mude a rota do que vem fazendo na área macroeconômica. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem se posicionado como um ministro que dará continuidade a tudo que foi feito até agora”, disse Grubisich.

O executivo, no entanto, reclama da taxa de câmbio. “Hoje temos uma taxa de câmbio que começa a colocar uma pressão sobre muitos setores da atividade econômica, que penaliza quem tem um forte componente em real na sua estrutura de custo”, disse Grubisich. Ele ponderou que é mais importante manter o sistema de câmbio livre do que fazer uma intervenção que poderia prejudicar o País. A Braskem exportou o equivalente a US$ 960 milhões no ano passado.

O diretor da unidade celulose da Suzano Papel e Celulose, Rogério Ziviani, também não está satisfeito com a taxa de câmbio. “O câmbio tem afetado muito as operações da empresa”, disse. Para ele, um câmbio de R$ 2,60 a R$ 2,70 daria a competitividade que a empresa tinha há um ano e meio. “Qualquer coisa abaixo desse patamar já sacrifica muito a nossa rentabilidade”, disse.

Há apenas três anos no mercado de seguros, Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente da Bradesco Seguros e Previdência, foi eleito o líder empresarial do setor de seguros e previdência pelo segundo ano consecutivo. “Acredito que a crença de que essa é a indústria que mais vai crescer no Brasil nos próximos anos me fez ganhar esses votos”, disse.

Trabuco afirmou que a expansão do crédito favorece muito o setor de seguros. “As pessoas fazem empréstimo para adquirir bens e compram seguro para preservar esse patrimônio.” O crédito, por sua vez, rouba a poupança da previdência privada. Boa parte do que o consumidor poderia poupar é pago em juros de financiamento, segundo ele.

Luiz Gomes, presidente da Cavo – empresa do grupo Camargo Corrêa voltada para a prestação de serviços ambientais, de limpeza urbana e saneamento – foi eleito líder empresarial do setor de saneamento. Segundo ele, a empresa ainda não sentiu nenhum aperto nos gastos governamentais relacionado a despesas de custeio e as verbas direcionadas para a limpeza urbana não foram afetadas. Por isso os negócios junto ao setor público vão bem apesar do rigor fiscal do governo Lula. “Além disso, a manutenção da Lei de Responsabilidade Fiscal traz tranqüilidade para o setor em relação à garantia de pagamento dos serviços prestados”, disse.

Para o presidente da Novartis do Brasil, Patrice Zagamé, o país conseguirá atingir sua meta de superávit primário, já que existe uma tendência de fluxo de caixa positiva em razão dos investimentos financeiros e das exportações, além do balanço positivo gerado pela auto-suficiência em petróleo. “As grandes tendências macroeconômicas podem levar ao superávit, com ou sem o ano eleitoral”, disse Zagamé.

Já o presidente do Grupo José Pessoa, José Pessoa de Queiroz Bisneto, não acredita que o governo mantenha neste ano a mesma austeridade em seus gastos dos três primeiros anos de governo, o que, segundo ele, deverá ser benéfico para o crescimento. O grupo possui oito unidades produtoras de açúcar e álcool.