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Empresários reativam única destilaria da Amazônia ocidental

No ano em que se comemora o 30o aniversário do Proálcool, um grupo de empresários do setor sucroalcooleiro está reativando uma destilaria no Acre que foi construída na época de implantação do programa mas que praticamente nunca funcionou.

A cana-de-açúcar que vai alimentar a unidade, rebatizada de Álcool Verde e com capacidade para produzir 120 mil litros de álcool por dia, está começando a ser plantada, e a perspectiva é que a moagem comece em 2008.

“Vamos retomar o projeto”, disse Maurílio Biagi, que comanda em São Paulo as usinas Cevasa e Moema, e que assumiu uma participação minoritária no novo empreendimento, cujo controle ficou com o grupo nordestino Antônio Farias.

Localizada no município de Capixaba, a 80 km de Rio Branco, a única usina da Amazônia ocidental praticamente está parada desde sua construção, na década de 80. Após insolvência do antigo proprietário, a unidade foi tomada pelo Banco do Brasil, que era credor e a vendeu ao governo do Acre.

“Qualquer empresa podia comprar os equipamentos e levá-los para fora do Estado, então decidimos comprar a usina e repassá-la para quem sabe gerenciar”, disse Gilberto Siqueira, secretário de Planejamento e Desenvolvimento do Estado.

“É uma oportunidade de gerar energia renovável na região. Em muitos lugares, se queima diesel para produzir energia, o que é um absurdo”, acrescentou.

O governo estadual mantém uma participação de 5 por cento no empreendimento, que deve gerar empregos na região e agregar pequenos produtores, muitos deles assentados pelo Incra, segundo Siqueira.

Também participam do capital da Álcool Verde alguns produtores locais, principalmente pecuaristas com áreas degradadas.

Segundo Siqueira, estão previstos investimentos de 30 milhões de reais na usina. Após retomar a produção de álcool, a expectativa é começar a de açúcar, atendendo a demanda do mercado local e, numa segunda fase, o mercado peruano.

Uma parte da produção poderia inclusive ser exportada pelo Pacífico, disse Siqueira, já que a rodovia que segue até a costa cruza a região.

Mas a produção de açúcar e álcool no Acre esbarra em alguns problemas técnicos, segundo um analista do setor.

“A produtividade não é das melhores; chove em muitos meses do ano”, disse ele. Mas os elevados preços em que chega o álcool no mercado acriano, uma vez que tem de ser originado no centro-sul ou no Nordeste, pode servir de incentivo à produção local, afirmou.