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Empresa binacional vai importar álcool brasileiro

A Petrobras e a Nippon Alcohol Hanbai assinaram ontem contrato de criação da Brazil-Japan Ethanol, empresa 50% brasileira e 50% japonesa, que será sediada no Japão e vai importar o álcool combustível do Brasil para ser misturado à gasolina naquele País. O contrato foi assinado pelo diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e pelo presidente da Nippon Alcohol Hanbai , Jiro Amagai, na sede da estatal brasileira, no Rio de Janeiro.

Com a Brazil-Japan, a Petrobras poderá vender 1,8 bilhão de litros de etanol anualmente para o Japão. Com uma frota de mais de 73 milhões de veículos, a segunda maior do mundo, o Japão consome 6 bilhões de litros de gasolina por ano. A legislação japonesa prevê a adição de até 3% de álcool na gasolina, o que representa mercado potencial de 1,8 bilhão de litros para o combustível brasileiro.

“A exportação para o Japão significará mais empregos e mais arrecadação de impostos para nós. Estamos entrando em entendimento com cooperativas e empresas produtoras para fecharmos contratos de longa duração, exigindo que a produção seja gerada pela ampliação das plantações, evitando assim que o montante exportado seja desviado do consumo interno, o que aumentaria o preço do combustível no Brasil”, disse o diretor da Petrobras. Ele estima que o País deve levar de dois a três anos para montar a infra-estrutura necessária para tal produção.

as exportações exigirão maior área plantada

As exportações para o Japão vão exigir a expansão da área plantada de cana-de-açúcar no Brasil, assim como a criação de novas usinas de álcool. Ano passado, foram produzidos 15 bilhões de litros de álcool no País, dos quais 2,5 bilhões foram exportados.

Atualmente o Japão só importa álcool para uso das indústrias de bebidas, química e farmacêutica, e a nova mistura servirá para substituição dos combustíveis fósseis, como forma de reduzir a emissão de gases como o gás carbônico (CO2).

“A meta é começar a importar o etanol em um ano ou um ano e meio, inicialmente com um volume preliminar de 20 milhões de litros. A Petrobras vai criar um novo mercado no Japão”, disse o presidente da estatal japonesa.

Serão designadas três pessoas da Petrobras para trabalhar no Japão, com a missão de prospectar o mercado e fazer o contato necessário com os órgãos reguladores japoneses para a entrada do novo combustível. O volume a ser misturado à gasolina não requer nenhuma adaptação nos veículos.

“Já fizemos essa experiência na Venezuela, sem qualquer problema. Hoje o volume misturado à gasolina naquele país é de 10%, o que significa a exportação de 50 milhões de litros de etanol para a Venezuela”, explicou Paulo Roberto Costa. O diretor informou ainda que, a partir de 2006, a estatal vai exportar o etanol para a Nigéria.