Resultado do mês de julho não anima os economistas e a expectativa é de estabilidade em 2006. O emprego industrial registrou aumento de 0,3% em julho ante junho na série livre de influências sazonais, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal de Empregos e Salários divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação a julho de 2005, também houve crescimento de 0,3%. Esta foi a primeira variação positiva após nove recuos seguidos na comparação mensal.
O resultado, porém, não animou os especialistas ouvidos por este jornal, que não acreditam em recuperação do emprego industrial ainda em 2006. “Na melhor das hipóteses, o emprego industrial vai ficar estável este ano em relação ao ano passado, podendo até apresentar uma pequena queda”, prevê a economista-chefe da Mellon Global Investment, Solange Srour.
Para ela, o resultado não foi surpresa, pois os indicadores de emprego industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) já haviam antecipado essa estabilidade. Nessa semana, a Fiesp apontou queda de 0,26% no emprego da indústria paulista entre agosto e julho, enquanto a CNI indicou, na semana passada, alta de apenas 0,4% no índice nacional de emprego relativo a julho ante junho.
“Vai ser muito difícil o emprego industrial aumentar a uma taxa mais forte neste ano, principalmente por conta do aumento das importações, que está reduzindo a produção interna”, ela diz, projetando um crescimento de cerca de 23% das importações no segundo semestre de 2006 em relação ao mesmo período de 2005.
De fato, o IBGE revelou que na comparação com o ano passado houve queda de 0,4% tanto no acumulado do ano quanto nos últimos 12 meses. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) alerta que o pequeno acréscimo no número de contratações observado em julho foi muito concentrado em setores que, de modo geral, não são intensivos em mão-de-obra. “Ainda não se pode dizer que está em curso uma melhora das contratações no setor em relação aos meses anteriores, quando os resultados foram de declínio de 0,1% em junho e variação nula em maio”, completa o Iedi.
O instituto destaca ainda a queda de 1,2% das horas pagas na indústria entre junho e julho, na medida em que o aumento dessa variável ocorre em períodos que antecedem maiores contratações. “Este resultado sugere que a performance do emprego industrial continuará modesta no futuro próximo.”
A folha de pagamento real apresentou queda de 0,2% em relação a junho, enquanto no confronto com iguais períodos de 2005, houve aumento de 1,9% em relação a julho, de 0,9% no acumulado do ano e de 1,7% nos últimos 12 meses.
De acordo com o IBGE, os setores que mais criaram empregos nesse período foram alimentos e bebidas (6,6%) e refino de petróleo e produção de álcool (15,2%), este último influenciado pela safra de cana-de-açúcar. Já os ramos de calçados e artigos de couro (–11,5%) e máquinas e equipamentos (–4,9%) registraram as maiores quedas.
No corte regional, houve incremento no número de vagas em seis dos 14 locais analisados em relação a julho do ano passado, com destaque para São Paulo (1,4%) e a região Norte e Centro-Oeste (9,2%). O setor de alimentos e bebidas foi o que mais gerou empregos, com crescimento de 23,7% e 10,5%, respectivamente. Os estados do Rio Grande do Sul (–8,6%) e Paraná (–1,1%), por sua vez, apresentaram os maiores recuos do número de pessoas ocupadas. Na indústria gaúcha, o resultado foi influenciado pelo setor de calçados e artigos de couro (–20%), enquanto no Paraná o segmento de madeira (–9,2%) foi o principal responsável pela evolução negativa do emprego.